Prólogo:
Recordando | Chocolate
Coincidências ocorrem em todo universo, inclusive fora
dele – caso alguém tenha explorado além da infinidade do universo, descobriria
que não é bem assim –, mas o mais incrível de observar nesse pedaço de infinito
seria o rumo dos acontecimentos formados a partir de algo idiota. Da mesma
forma que tudo está ligado, tudo está separadamente alterado por si mesmo, o
que não faz sentido, mas o conceito é esse mesmo. Mas apenas ver as coisas
acontecendo não tem muita graça, então creio que seja mais divertido e interessante
ver as coisas acontecendo em função de uma coisa que você fez. É algo
espontaneamente glorioso de se ver. Tudo acontece, se liga, se desliga, se
conhece, desacontece, faz acontecer, e outras coisas idiotas e legais que
esqueci, e tudo por causa de algo pequeno que você fez! Incrível olhar tudo
isso. Mas depois de alguns anos universais de espera, hora de ver o fruto de
meu trabalho, apenas ver o que ocorreu e outras coisas. A espera foi longa, e
necessariamente eu não precisava esperar, mas apenas para criar expectativa,
algo que não sentia desde que fiquei assim. Não dá para definir a forma,
estado, ou sequer compreender o que conheço como “eu”. Há muito perdi minha
noção de tempo, vejo tudo de forma diferente.
Acho que isso é inefável.
Eu sei o que significa, mas não quero lembrar agora.
Não quero estragar o momento.
Hora de voltar. Voltar para ver tudo. Tudo que
aconteceu (e não aconteceu, etc., etc.)
Ah! O passado do universo, a época em que tudo não
parecia ter sentido algum, o que era bom e provocava insegurança... Creio eu
que vivi nessa época, ou teria sido antes? Hum... Não tenho que levar em conta
só o tempo, mas acho que foi antes. Que comecei isso. Criei aquilo para
satisfazer meu desejo de observar. Apenas ver e sentir. Monitorar, observar, e
aproveitar o momento. Criei esse habito para satisfazer meu tédio decorrente do
que aconteceu comigo. Para um ser que não precisa se submeter às leis chatas da
física de todos os universos, o ato de viver se torna tedioso. Pelo menos foi
isso que as entidades que são consideradas deuses pelos seres com alma (e sem
alma se tiverem muita fé) me disseram. “O universo, tudo o que você compreende
como existência, acaba ficando pequeno”. Eu me divirto observando eventos. É
interessante. O que eu fiz no tal planeta dos... hã... Humanos, eu acho, foi
bem interessante. Uma coisa tão pequena que pôs em jogo toda a existência de um
universo e a felicidade de 365 sistemas de certa galáxia dessa realidade. O que
fiz o tempo (que não tem muito significado para mim) inteiro foi observar.
Nunca perde a graça – se é que tem uma coisa dessas aí. Olhar tudo o que
aconteceu com o universo graças a minha interferência. Acho que havia uma
coincidência escondida nos meus pensamentos anteriores, mas não quero
atrapalhar o momento. Apenas observar.
Muito bem, tudo começou... Com uma lata de
refrigerante?
É, acho que foi isso mesmo.
O sabor em questão não era muito importante, já que a
dica É Usado Frequentemente Em Vinhos seria uma dica bem obvia, mas diremos
assim mesmo. É uva. A forma de como isso começou foi estupidamente inocente, já
que supostamente um refrigerante de uva não deve fazer muita coisa em relação
ao universo. Devia. Se conhecermos o universo bem (ou não), podemos afirmar
que: qualquer coisa pode desencadear qualquer coisa; e nenhuma coisa pode
desencadear nada.
Mas o que esse refrigerante fez? Foi bem simples, ele
teve seu preço aumentado. Algo relativamente comum, já que o planeta e
realidade de onde esse refrigerante estava tinha humanos. Naquela realidade, os
humanos eram impossíveis de serem descritos por qualquer outra raça na galáxia
que não tenha avançado na física o suficiente para viajar entre realidades –
claro que contava também se eles tinham vontade e/ou curiosidade suficiente
para descrever os humanos. Mas eles em si descreviam o universo onde eles
estavam. O universo onde eles estavam (podemos usar quando eles estavam, por
que eles estavam, mas não há regra gramatical que me impeça de apenas falar
onde) tinha regras bem estupidas e restritas, sem falar do fato de que o
universo em questão é feito de equilíbrio – coisa inútil para um universo como
aquele – e ao mesmo tempo, de inconstância. Humanos buscam o equilíbrio (que
para eles é sinônimo de inalcançável), porem são inconstantes, principalmente
sobre o que fazer da vida. Completamente indecisos, mas equilibrados. Algo
assim.
De qualquer forma, o preço dessa marca de refrigerante
de uva subiu, o que eu meramente fiz, e deixei o resto acontecer, e agora estou vendo o resultado.
Os motivos não são muitos precisos já que eu simplesmente determinei que o
preço subisse sem especificar as causas disso. Mas isso alterou em muita coisa.
Começou 67,52 segundos após o preço subir.
Graças à subida do preço, uma criança ficou irritada
aos seus pais dizerem que não iam comprar por que não valia a pena. Isso foi no
aeroporto. E era um domingo. A família estava abandonando aquele país gelado da
América do norte, e foi tirar umas férias no caribe. Como a criança ficou
emburrada durante o voo, os pais lhe deram uma bronca quando chegaram ao
destino. Graças a isso, acabaram chegando 2,25 minutos atrasados, o que causou
algo interessante: coincidentemente uma anomalia espaço-temporal estava dando
um passeio por ali, e a probabilidade de alguém a encontrar é a mesma de você
encaixar a ponta de um cabo USB no computador sem olhar e sem errar no mínimo 2
vezes – não que seja difícil acertar de primeira, na verdade, a chance é de
50%, porem as pessoas tem em suas mentes de que isso é quase impossível – e
acabam colidindo com ela, o que causou perturbações na mesma, alguns traumas com espirais, e uma obsessão
por queijo.
Pelo menos eu acho interessante.
Mas o resultado disso foi que essa anomalia criou outra
realidade.
Essa realidade era no mínimo, diferente da realidade onde
o preço do refrigerante de uva subiu – por enquanto, chamaremos a realidade do
refrigerante de “L1H” e a outra de “L6H”, e creio que o motivo de eu chama-las
assim se revelará em breve. Os humanos de lá eram, quase, mas nem tanto, iguais
aos humanos da realidade L1H. Os detalhes virão depois, tenho certeza. E tinha
uma coisa por traz do motivo da anomalia estar vagando pela L1H, envolvendo
algo com a palavra centro. Mas certamente chegaremos lá com o tempo.
Essa realidade foi criada a partir de mesclas de várias
outras quase aleatórias. E vai causar muitos problemas em breve.
Foi assim que tudo, ou melhor, é assim que tudo vai
começar.
Especificamente, o surgimento repentino dessa realidade
influenciou em um sonho. O sonho era bem estranho e chato. O sonho tem dono. É
um rapaz que vai desejar nunca as segundas terem existido (e logo depois, as
uvas também. Claro, o aumento do preço era culpado de iniciar tudo isso, e
outra coisa também).
E Então...
– Não, pera, pare
ai mesmo.
– O que é? Não
gostou da história? Sabe, eu tento fazer ela ficar mais explicativa ou...
– Não é isso, você
tinha falado que tinha algo interessante para nos contar, que viu algo
incrível.
– Isso mesmo – fala
o cara a minha direita.
– É que você tinha
dito... – prossegue o cara a minha frente.
– Hã?
– ...Que era uma
história verídica – logo após a pausa, percebo o que acontece na mente deles.
– É sim, estou
contando agora pra vocês o que eu vi.
– Não sabia que
vocês era deus.
– Ah, isso...
– Se você realmente
presenciou tudo isso, pelo menos fale a verdade.
– Bem, eu... Não,
não sou deus, eu apenas... Tinha uma calculadora bem grande, uma espaçonave
capaz de viajar entre o tecido quadridimensional dos eixos de probabilidade, e
calculei a probabilidade do que poderia acontecer caso eu mexesse nas contas
bancarias de uma empresa de refrigerante, e descobri que em uma dimensão um
monte de coisa aconteceria caso eu fizesse isso, logo, eu fui para lá e fiz o
preço do refrigerante de uva aumentar, e foi assim que tudo aconteceu. Estou contando
a vocês o que supostamente vai acontecer em algumas horas.
– Oh, o computador
calculou?
Eles olhavam
abismados.
– Tu-tudo...?
– Toda a cadeia de
eventos de varias múltiplas realidades causadas por um evento insignificante e
singular? – perguntava outro.
– Exato, e agora
contarei tudo a vocês. Tem bastante coisa. Adoro este universo.
A roda de amigos
(que agora estavam no estabelecimento de chocólatras anônimos, um clube no qual
eu participo frequentemente) se agita. Tínhamos reunido todos, e agora eu contaria
uma historia magnifica, enquanto comíamos barras de chocolate roubadas da Terra
da dimensão L34H. Pra falar a verdade, eu não vou contar a eles. O computador
irá mostra-los.
– Podemos começar?
– pergunta um.
– Claro. Vamos ver
o que vai acontecer, de maneira bem legal. Eu acho.
Aproximo-me do
computador. Antes de dar Play no vídeo emulado pelo poderoso computador que
desenvolvi por anos, parei para pensar durante alguns segundos. Penso, e o
resumo seria “Não. Melhor não. Claro que
não preciso fazer isso”.
Dei o Play no vídeo
emulado pelo computador.
Volto a sentar
junto com os colegas chocólatras.
Penso no que eu
havia pensado antes.
Eu tinha pensado
que talvez minha interferência nessa dimensão cause muitos problemas. E talvez
pensasse que seria melhor voltar no tempo e espaço para dar uma bronca comigo
mesmo e cancelar isso tudo. Não. Melhor não. Claro que não preciso fazer isso.
Não preciso me preocupar. Não vai acontecer nada aqui. Nesse momento fiquei de
saco cheio de tanto pensar na palavra não. Eu tinha viajado muito pelo espaço.
Depois avancei pelo tempo. Logo após isso, o tempo-espaço. Aí as coisas
perderam o sentido, embora sempre fosse assim, já que tudo perdia o significado
cada vez que eu avançava por um novo plano de eixo da realidade. Mas agora eu
estava ali, reunido com todo mundo dos velhos tempos. Naquela época gloriosa,
quando o espaço ainda era grande, o tempo muito extenso, e a vida muito... Bem,
acho que o “inefável” age agora. Mas o que a vida tinha de especial, era sua
incapacidade de ter significado. Era algo magico. Agora estamos aqui. As coisas
são pequenas, e a vida muito grande.
Aliás, não posso
voltar no tempo para dar uma bronca em mim mesmo. Da ultima vez que fiz isso
(ou tentei fazer), acabamos (eu e ele, que também é eu) brigando, e depois
ficamos bêbados e não resolvemos nada.
Vamos assistir e
ver o que acontece.
Mas logo eu levanto
e coloco no avanço rápido para chegar à parte onde eu estava contando para
eles. O som surge. E a imagem... Bem, não foi possível definir se ela veio
antes, depois o ao mesmo tempo do som, mas tenho certeza que a mesma estava bem
segura do sincronismo entre ela e o som.
“Especificamente, o surgimento repentino
dessa realidade influenciou em um sonho. O sonho era bem estranho e chato. O
sonho tem dono. É um rapaz que vai desejar nunca as segundas terem existido (e
logo depois, as uvas também).”
“E Então...”
Dimensão 1 – O
que é | O que deixa de ser
O sonho era bem
simples, mas incompreensível para pessoas que não entendessem de física
quântica até o nível de deus avançado – ou seja, nenhuma, e se algum humano
entendesse disso, ele poderia deduzir na hora o porquê de aquilo ter acontecido
e logo depois descontaria suas frustrações em um Big Mac (ou pode ser um
sanduiche de outra loja, depende do humano).
O rapaz retorna sua
consciência. O sonho acabou de começar.
Ele, como qualquer
pessoa faria impulsivamente em um sonho, começa a olhar e analisar onde está e
o que deve fazer.
Ele percebe que tem
uma luz no que poderia ser chamado de horizonte. Poderia. Mas o cenário ao redor dele, segundo a visão dele, era
vazio.
Ele decide olhar ao
redor, além da luz.
Percebe que na
verdade está tudo claro. Nesse momento ele para pra pensar e retorna o olhar
para a suposta luz no suposto horizonte.
Era uma fonte de
escuridão.
Ele poderia ter
certeza que momentos atrás, estava escuro, e aquilo era uma luz. Ele confiava em
seus olhos. Agora começa a desconfiar de todos os sentidos do corpo e o corpo
em si, pois ele percebe que na verdade, ele estava de olhos fechados.
Em vez de se
perguntar onde está e o que deve fazer, ele começa a perguntar a si mesmo se
realmente ele estava em algum lugar e se o senso de dever é importante agora.
Ele abre seus
olhos.
Mas não tem nada.
Não tem escuridão, nem claridade – físicos respeitados diriam que algo assim
estaria dentro de um buraco negro, o que não só está errado, como completamente
confuso, já que é “fora” dos buracos negros, e não dentro, e “fora” dos buracos
negros está o interior, e dentro está o resto do universo.
O nada vem a mente
das pessoas como a escuridão completa ou claridade completa, e algumas chegaram
a conclusão de que realmente o nada é cinza. A melhor maneira de descrever esse
nada onde o rapaz estava seria imaginando um lugar onde você pegue uma gota
d’água bem incolor e o cenário não refletisse na gota, fazendo um incolor
verdadeiro. A cor da gota seria a cor do cenário vazio onde o rapaz estava
nesse estranho sonho.
Mas esse
questionamento dele foi interrompido por uma voz.
– Por que você?
Ele olha para o
nada da direita, seguido pela esquerda e depois para baixo e esqueceu-se de
olhar para cima.
– Por que eu o que?
– fala o rapaz com estrema indignação e duvida.
Ouve um silencio
aparentemente impenetrável. Até um relógio mudar isso.
Beep. Beep. Beep. Beep. Beep. Beep. Beep. Beep. Beep.
Beep. Click.
O barulho que o
relógio fazia não era infernal. Ser acordado repentinamente em uma segunda
desse jeito sim. Clicar o botão de desligar despertador do relógio, virar para
o outro lado na cama, 2 minutos depois percebe que já está na hora de acordar,
olha para o frio da manhã, olha para o calor aconchegante do seu cobertor, faz
a decisão sensata de resolver ficar mais 5 minutos na cama.
O resto do dia dele
é bem difícil de prever (menos coisas óbvias como “vai pra faculdade”, “estuda”
ou “dorme”), exceto pelas segundas. Há uma coisa que sempre dá pra ter certeza
do que irá acontecer com ele nas segundas.
Ele levanta da cama
após perceber que não podia ficar naquele calor aconchegante de seu cobertor,
pois sabia que iria criar habito de ficar hibernando ali, talvez até para
sempre.
O que sempre
acontece com ele nas segundas é algo normal. Acontece com muita gente.
Olha para o
deplorável despertador que ele comprara na loja de 1,99 da esquina. Faz o
processo de estralar o máximo possível todos os ossos do corpo seguido por um
pesado bocejo que quase torce seu maxilar.
– Uaaahhh...
É mais ou menos a
mesma coisa do que as segundas das pessoas normais (e anormais), já que o
impacto que ele sofre nas segundas parece ser quadriplicado e elevado a uma
potência bem alta e multiplicado por um numero irracional.
Ele olha ao estado
deplorável do quarto – que por um chute dele, seria 3,14 vezes mais deplorável
do que o despertador. Computador, algumas comics, desarrumação, livros no canto
da mesa, e outras coisas que jovens têm por aí. Passou meio minuto organizando
sua mente.
“O que foi aquilo?” pensava ele ao lembrar do sonho.
Ele olha para o
relógio novamente.
O que diferencia as
segundas-feiras dele das segundas-feiras das outras pessoas, é pelo simples
fato de que tudo tem a maior chance de dar errado, e caso alguém analisasse os
fatores e chances das coisas darem errado para ele, até Murphy ficaria
surpreso.
O relógio tinha os
seguintes números e letras:
25/04/11
MON 8:47
A aula dele
começava oito e meia. O primeiro horário tinha o terrível professor de
matemática que nunca faltava e sempre tirava ponto de quem chegasse atrasado.
Merda.
O rapaz em questão
– que agora está correndo desesperadamente pelo campus – sempre teve um poema
para acalmar a si mesmo nas segundas infernais. O poema, se baseia, em razoável
parte, em xingar a existência da matemática.
Algumas horas
depois. Fim das aulas. Fim do tédio. Fim do sofrimento para o rapaz.
O nome dele não
importa muito agora, mas é bom mesmo assim contar. Kevin Steve. Idade
desconhecida pela ciência, já que ele é um completo desconhecido para os
Universos. Pelo menos até agora. A sua aparência importava sim, já que era uma
das poucas coisas que ele não se
importava, mas ele tinha cabelo castanho escuro que chegavam (certas vezes) ao
preto, uma altura razoável para uma pessoa normal da mesma idade e tem um olhar
entediante. Talvez se o colocarem em uma noite de chuva e com uma luz de poste
e como ele olhando para baixo, o cabelo liso e espalhado daria a ele um visual
bacana e badass. No entanto, ali não era lugar de ficar com olhar sombrio e na
chuva. Estava quase terminando a faculdade, tinha em torno de 23 anos (a idade
não importa muito agora, e não tem necessidade de confirmar com precisão a
idade dele), e quando estava para entrar lá, tinha escolhido algo aleatório
relacionado à matemática, do que logo se arrependeu um pouco depois, já que
antes ele achava que tinha ligeira vantagem com matemática, mas depois notou
que os alunos da sua sala é que eram ruins. Não tinha nenhuma objeção contra
fazer isso, mas já estava enchendo o saco.
Era Segunda.
Segunda era seu pior dia, e ainda por cima esse tipo de dia que normalmente ele
tinha nas segundas testava a paciência de qualquer um. Se ele fosse alguém mais
esclarecido, poderia perceber que ele tinha paranoia de que algo ruim aconteceria
nesse dia, e isso causava uma cadeia de eventos que resultava exatamente o que
ele temia. Ele chamava de maldição da segunda-feira. O porquê de isso acontecer
tem a ver com o universo onde eles estavam (ou quando, ou por que) e sua
propriedade de ter coincidências em excesso. Mas agora ele não tinha cabeça
para isso. Ele queria sair dali, e queria sair logo.
Ao andar, ele
parecia meio deslocado. De fato é. O medo constante das segundas e sua timidez
dificultaram as coisas. Não tinha muitos amigos justamente por isso. Porem
quando ele conseguia ter amizade com alguém, em um ano ele conseguia estragar
tudo e não manter contato depois, nem dizer oi ou algo assim – estranhamente
sempre ele andava com alguém amigo, mas no ano seguinte essa pessoa saía do colégio
e Kevin arranjava outra pessoa para andar. Mas uma pessoa notou que isso
acontecia, e falou para Kevin que iria mudar isso. Acabou sendo verdade.
Agora o que ele
desejava era uma confortável cama e um refrigerante – beber não estava nos
planos no momento, já que na primeira vez que ele o fez, ele ligou o “Dane-se a
Vida” e cantou lindas musicas sobre carros sendo destruídos enquanto ele
voltava para casa. Um refrigerante de uva de preferencia. Havia planejado desde
ontem compra-lo, já que era uma das poucas coisas que acalmariam o estado
espiritual dele (que no momento está perturbado devido ao fator “segunda-feira”). Tinha até o dinheiro
contado. Tinha gastado o resto em seus vícios. Eram jogos, comics, comida gordurosa, e outras
coisas que fariam qualquer mãe dar uma bronca nele por irresponsabilidade. Mas
ele precisava de um refrigerante de uva, e precisava agora.
Foi para a maquina
de refrigerante mais próxima – que não era tão próxima assim, mas em relação a
todas as maquinas de refrigerante que tinham no mundo, essa era a mais próxima,
a quase um quilometro dali. Carona, andar 500 metros, chegar à esquina que
tinha a gloriosa maquina de refrigerante mais barata por ali. A empresa só
tinha aquela maquina de refrigerante ali, então eles não encontravam
necessidade de ter preços altos já muita gente comprava regularmente naquela
maquina. Kevin não precisava ir até lá apenas pelo refrigerante para se manter
são na infernal Segunda. Se ele não tivesse motivo para ir até lá ele arrumava
dinheiro e comprava em um lugar mais perto. Mas hoje ele precisava ir até o
centro da cidade. Ele não sabia bem por que, mas tinha um motivo bom para ele
ir para lá, e não era o refrigerante.
Ele está de frente
para a gloriosa maquina de refrigerante. Estava desgastada nos cantos, mas
ainda mantinha sua pintura forte no resto da superfície de plástico e metal.
Kevin procura calmamente pelo refrigerante. Perfeito. Tinha um. Agora ele pega
seu dinheiro contado e insere parte na maquina. Ele inseriu apenas parte do
dinheiro, pois ele parou ao olhar para o preço. Ele se lembra de quanto tem.
Lembra-se do valor anterior. Lembra-se do valor atual.
Ele endireita suas
costas vagarosamente, e inclina sua cabeça para a direita.
À direita dele, a
alguns metros, está o rio que ia para outra cidade ali pela Colúmbia Britânica.
O ar frio, o inverno que prometia fazer poças perto do meio fio apenas para os
caminhões e ônibus passassem por cima apenas para te encharcar, as manhãs
congelantes e o ar de cor cinzenta com um leve tom azulado. O ar passava calmo
e era exatamente isso que Kevin tentava ficar. Mas o aumento do preço não
deixou. Sem falar que nessa hora, todo o comercio da cidade fechou devido a um
pequeno festival. Adeus refrigerante.
Ele olha para cima,
e pergunta:
– Por quê?
Mas logo ouve uma
resposta, digamos assim, não tanto satisfatória.
– Por que é assim
que as coisas não são.
– Hã?
Kevin olha para
trás. Logo conclui com sua memoria conturbada quem era essa pessoa.
– Ah, é você
Trenton.
–Jesus que não ia
ser né?
– Tá, tá, entendi –
fala Kevin, e depois pensa um pouco – Hum... Como assim as coisas não são?
– As coisas nunca
são o que parecem ser, portanto elas nunca são assim.
Kevin arruma tempo
para pensar, concluiu que não entendeu nada, mas prossegue.
– Então baseando-se
nisso – fala Kevin – você afirma que o por que de eu estar sofrendo é por que
as coisas nunca são o que parecem ser?
– É por aí.
– Ah, claro.
“Claro que não entendi nada” pensa Kevin.
– Só que não –
prossegue Trenton – eu só falei algo sem sentido para aliviar esse seu...
ahm... Sua maldição da segunda! É, era isso.
– Não, você não
ajudou em nada – responde Kevin, seco.
– Então está tudo
bem. O que tá fazendo aqui?
– Só me remoendo
pelo meu azar semanal, e você?
– Deu vontade de
vir para cá, logo eu vim.
– Entendo.
Há um silencio –
que não era tão silencioso já que tinha o barulho do vento junto com um som de
musica vindo da praça da cidade. Kevin tem uma ideia.
– Ei, você tem
dinheiro pra me emprestar?!
– Sei lá, me deixa
ver.
Procura nos bolsos,
na mochila, no casaco, dentro do compartimento de baterias do celular, dentro
da lanterna, e finalmente acha algum dinheiro dentro do cartucho onde tinha
pontas de grafite para lapiseiras 0,7mm.
– Tá aqui.
Kevin pega a
cédula. Um C$. Ele recupera sua autoconfiança. Mas em seguida olha para
Trenton.
– Você não precisa
levar essa tralha toda pra todo lugar onde você vai.
– Não, não preciso
mesmo. Todo dia eu penso quando estou com essa mochila em algum lugar fora de
casa: “Hoje quando eu chegar em casa vou me livrar dessas coisas, preciso tirar
isso logo”. Aí você fala: “Aposto que você esquece da existência da mochila
quando chega em casa”, mas não, é preguiça mesmo.
– Cara, você não
leva tralhas na mochila, você leva tudo no bolso.
Trenton para. Olha
para si mesmo. Faz uma cara que diz claramente: “Realmente, você tem razão, mas não admitirei minha derrota em nome do
meu orgulho negativo!”.
– Ah, dá na mesma!
– Uma coisa é
esquecer-se de arrumar a mochila, outra é esquecer da existência desse meio
mundo de coisa que você leva dentro do bolso, que deve incomodar bastante
durante o dia.
– Há!!! Eu tenho
preguiça, eu não esqueço! Portanto estamos empatados!
– Ok, você tem um quarter* aí?
– Procura aí na
mochila.
Trenton coloca a
mochila nas mãos de Kevin e vai apreciar a luminosidade da maquina de
refrigerante. Kevin abre a mochila, e se assusta: é bem arrumada. Uns livros,
um bloquinho de notas, entre outras coisas de estudante. E uma chave de fenda. “Por essa eu não esperava” pensa Kevin
com sua autoconfiança restaurada recentemente que em segundos será aniquilada.
Após procurar, acha algumas moedas, ele começa a somar rápido em sua cabeça e
vê que dá para comprar o refrigerante.
– Háhá!!
Ele vira para a
maquina – que recentemente ganhou o apelido de Pluto, por alguém desenhar um
cachorro amarelo na maquina semana passada. Insere o dinheiro, e clica no botão
onde ele se lembra de onde estava o refrigerante precioso. Ele não está mais
lá. Kevin entra em pânico. Olha para o lado. Vê Trenton terminando de beber uma
lata de refrigerante roxa. Ele amassa, e joga a lata na inocente lixeira que
estava do lado.
– E então? Bora
voltar para o campus?
Trenton Finley. Amigo de Kevin. Está na mesma faculdade que Kevin e é amigo
dele à 7 anos. Tudo começou com um barulho de anel.
Pling.
Foi um barulho de
um sistema de som de dez canais de áudio com uma memoria de processamento de 8
kbytes, que era emulado em um console de saída de áudio estéreo, que era
pequeno e escuro. Era um PSP um pouco velho e desgastado que Kevin tinha, e o jogo
em questão foi jogado no primeiro ano no ensino médio. O jogo era um emulador,
que estava processando um jogo de 94 cujo som mais ouvido do jogo era Pling.
Finley tinha chegado nesse colégio faz 30 minutos e procurava algo para se
entreter. E de fato, achou. O Pling chamou atenção de Trenton. Ele se
interessou pelo PSP preto de Kevin. Não que fosse algo impressionante, mas era
meio incomum. E perigoso. O inspetor era um senhor cauteloso e frio na hora de
confiscar coisas dos alunos. Trenton olha melhor e vê o jogo emulado.
– É Sonic and
Knuckles ou Sonic 3 and Knuckles?
Era Sonic 3 and
Knuckles, mas havia a possibilidade de ser apenas Sonic and Knuckles, já que
estava na fase Mushroom Hill Zone Act 2.
– Hum, não, é o SK
mesmo – responde Kevin.
– Eu prefiro as
musicas desse, mas gosto de todas as fases do 3 e Knuckles juntas.
– Nome? – pergunta
Trenton derrepente.
– Kevin.
– E eu?
Kevin pausa jogo, olha para Trenton, e finalmente
pergunta.
– O quê?
– Trenton. Prazer.
Começou assim.
Isso foi há sete
anos. Trenton só está ali para abusar Kevin, pelo fato de um dia Kevin falar
algo depressivo apenas para parecer solitário e um pouco legal (e pra
lhe deixarem em paz), e o que ele disse foi que ele sempre teve um amigo por
ano e todo fim de ano ele nunca mais o encontrava e nem tentava fazer contato
depois. Apenas para abusá-lo, Trenton continua junto dele.
Ele sabia como se
comportar com Kevin durante as segundas. Ser o mais incompreensível possível.
Desse jeito, as coisas ficam mais fáceis para os dois. Normalmente era uma
pessoa comum com uma imaginação estranha. Hábitos estranhos, ele só tinha um
digno de ser mencionado: falar coisas estranhas na segunda. Ninguém além de
Kevin nunca compreendeu o porquê disso, e nem queriam saber.
Trenton tinha uma
estatura média, cabelo castanho escuro desarrumado (provavelmente ele não sabia
da existência do pente ou da escova), dificilmente o olhar dele era sério, e
era viciado em comida gordurosa (mas como nem sempre ele tinha dinheiro pra
comprar esse tipo de coisa, ele só compra/come isso uma vez por semana, e por
isso ainda não ficou gordo), e era sensato e calmo, é claro, menos nas
segundas. Nas segundas ele era completamente insano. Mas neste dia ele estava
estranhamente calmo.
No momento atual,
os dois estavam voltando para o campus.
– Eu te odeio.
– Você sempre fala
isso – responde Trenton.
– Só estou te
lembrando.
– Pelo menos nas
segundas – fala Trenton novamente, mas dessa vez olhando para cima – você diz
isso.
– Eu...
– Você... –
interrompe.
– Ah... Eu odeio...
– Sim, você odeia
as segundas – fala Trenton – porque insiste em continuar a falar isso?
– Por que eu as
odeio.
– Todos odeiam.
– Mas eu odeio
mais.
– Não, tem uma
dimensão alternativa em que você odeia segundas tanto que chegou a retirá-las
do calendário cristão – fala uma voz repentinamente do lado.
– Eu tenho certeza
que odeio mais do que esse eu da outra dimensão – responde Kevin de volta,
zangado – aliás, quem é você?
– Jack.
– Ah – fala Trenton
– Não me diga que... Seu sobrenome é...
– Exato, é Eta –
fala o tal Jack.
– Eta? – pergunta
Kevin – Não entendi, o que é Eta?
– Jacketa – responde Trenton.
– Ah – fala Kevin,
que depois pensa um pouco, e fala – Você conseguiu, Trenton.
– O quê? Consegui
uma medalha?
– Estou indo
embora, continuem sua conversa aí, seus loucos.
Kevin vai em
direção à passarela mais próxima para se jogar. Por sorte – ou azar – tinha uma
dessas perto da esquina onde Trenton bebeu o refrigerante que Kevin queria
tomar. Kevin não pretendia realmente pular, mas sua paciência acabou – e seu
dinheiro também, provavelmente vai comer macarrão instantâneo pelos próximos
meses –, e ele esperava que Trenton ou então esse outro indivíduo chamado Jack
(que descreveremos depois) o segurassem tentando impedir o suicídio dele, e
desse jeito, Kevin usar seus argumentos semi-instruturados para assim, fazer os
outros dois ficar de saco cheio e decidir comprar um refrigerante para ele.
Ele esperava que os outros dois fizessem
isso.
Ele chega à pequena
passarela que havia ali por perto.
– Adeus mundo!
– Espera, tenho uma
oferta! – grita Jack.
Kevin para o que
estava fazendo – que no momento era subir na borda da passarela.
– Como assim? Um
seguro de vida ou algo assim? – pergunta Kevin, incisivo – Não obrigado.
Kevin no momento
achava que as coisas estavam ocorrendo como ele queria. Alguém teria de comprar
um refrigerante para ele. Que não seja diet (principalmente porque é mais
caro).
– Não é que... –
Jack para, pensa, olha para cima, tenta arranjar um argumento, logo vê que
Kevin vai se jogar e continua desesperadamente – O universo... Bem... Acho
que... Éééééhhh... Ele precisa de você! É! Acho... Que foi isso que eu quis
dizer...
– Não entendi. Pra
falar a verdade – fala Kevin –não estou entendendo nada hoje. O que o universo
tem a ver? É um discurso sobre a vida e a importância dela ou algo assim?
– Não, ela é bem
inútil mesmo. A vida serve para nos levar a morte.
– Ah.
Trenton continuava
assistindo a cena, rindo por dentro, e segurando-se para não tentar se jogar da
passarela para ver se ganha um beijo de uma garota bem intencionada que
desejaria salvá-lo. Ele achava a cena hilária, e sentia vergonha ao mesmo
tempo, com todas as pessoas da rua olhando para eles, sentia vergonha como se
fosse com ele.
– Não é exatamente
isso... É difícil explicar nas circunstancias atuais... E não que o universo
precise necessariamente de você – e claro que não é esse universo – tem outras
pessoas capazes, mas, bem...
Jack tentava
continuar.
– Você é capaz de
algo, não desperdice sua vida – Jack prossegue, finalmente sabendo o que fazer,
continuando de novo – Sabe, ter esse negocio de vida não pra qualquer um, sabe?
Objetos que o digam. Menos o isqueiro, isso é conhecimento geral.
– Bem, ainda não
ente-
Vapt.
O barulho acima foi
causado pelo acumulo de gelo na borda da passarela onde Kevin fingia que iria
pular – que resultou em outra coisa. Mas chegaremos nessa parte.
Na rede do
espaço-tempo é possível fazer um “rasgo” nela. Seria o ato de ir (mas no caso é
criar outra, você nunca “vai” para outra realidade) para outra dimensão (mas o
nome apropriado – e mais bonito – é realidade), ou então viajar no tempo, que
inclui o ato de viajar entre (criar) realidades. É uma arte bem bonita de se
ver, se for você que cria a realidade. É uma proeza que poucos no universo (estranhamente
na maioria dos universos tem sete indivíduos e dois objetos que conseguem
viajar dimensionalmente) conseguem. Para criar outra dimensão é preciso apenas
o conhecimento da coisa. Ao saber imediatamente você consegue fazer. O problema
é como se faz isso. É bem difícil. Você precisa de alguém que seja um agente do
HUB – o que será explicado posteriormente – e que essa pessoa (ou objeto) seja
muito generoso(a) o suficiente para lhe ensinar a arte de viajar entre as LHs.
LHs é o nome que
(na maioria dos universos) se dá para as realidades – sejam elas congruentes,
semiparalelas, em um eixo de 3,1415926525 graus em um plano tangencial de fator
recursivo ou aquelas realidades que não gostam muito das outras e preferem se
relacionar apenas com uma. O porquê de darem esse nome, as pessoas/objetos já
esqueceram há tempos. As letras nunca mudam. O que determina a realidade em
questão são os números. Podem ter argumentos para especificar qual a direção do
tempo (algo bem fútil para se ter em uma realidade), determinação do espaço
(outra coisa frívola), entre outras coisas. Dependendo da incomplexidade da realidade, o nome dela pode ficar maior, indo
desde L3H até L436¬1/’53*2∫3H. Para representar um grupo de LHs usa-se GL(numero)H. Um grupo de realidades é justamente
o que diz o nome, são realidades que têm pontos em comum (e incomum também) que
são representados pelos números.
O método de fazer
alguém/algo aprender a viajar entre LHs é o seguinte:
Vá a uma das realidades das zonas da GL6%–3¢D:&13H – que
as realidades do conjunto contem as características de se mover livremente
entre três dimensões, se movimentar em linha reta em uma quarta, o índice de
alma ser “infeliz” e “cheio de problemas”, e mais outras 13 . Vai para a
galáxia a 2062 Gigaparsecs da origem nuclear referente ao L∞H – realidade
matriz –, depois se informe sobre o sistema de medição de setores galácticos da
região. De qualquer forma, vá para o braço mais longo da galáxia, depois siga
para o braço ao lado que tem um corte, vá para a segunda parte, depois procure
uma estrela amarela, e vá para o terceiro planeta da orbita da estrela.
Chegando lá, abuse dos seres atrasados lá, depois procure se divertir na
galáxia enfrentando perigos de qualquer ser normal desse universo. Depois
procure alguém que exista de forma proporcional ao eixo de probabilidade em
relação ao L∞H. Fale com ela. Automaticamente a propriedade de coincidência,
probabilidade, azar, memoria copiada em neutrinos que se reúnem no corpo da
pessoa que você conversou, desse universo
vai agir. A memoria de como fazer isso automaticamente é colocada no cérebro na
pessoa. Tem como objetos conseguirem aprender também, mas cuidado, ao
adquirirem consciência eles começam a exigir muita coisa. Quanto o processo de
ir até o planeta Terra e abusar humanos é desnecessário, mas uma coisa
divertida de fazer. Resumindo: Para você aprender a viajar entre LHs você
precisa que um viajante de LHs fale com você.
E um fato aleatório
que será inserido no contexto agora é: se uma coisa tem chance de dar errado,
ela dará, da pior maneira possível, no pior momento, e de maneira que cause
maior dano possível. Trenton sabia disso. Ele apostou que Kevin ia escorregar
acidentalmente naquela hora. Isso tinha de acontecer, pois era uma das leis da
física (que por sinal eram chatas e restritivas) do universo onde eles estavam.
Quando se diz:
“Construí uma maquina que me leva a outras dimensões”, está certo, mas ao mesmo
tempo inefável. A causa da maquina poder te levar a outras dimensões é
resultado de uma viajem memorial sensorial gravada em neutrinos que viajaram
Teraparsecs (termo inventado agora) e coincidentemente alcançaram a maquina –
isso acontece apenas com objetos sem alma, caso isso atinja um ser com alma, o
individuo interpretará isso como um sonho ou pensamento estranho, ou algo com
que ele possa compreender. Objetos conseguem aceitar essas memorias porque eles
percebem tudo, veem o universo infinitamente em plano sensorial de forma
pequena.
O mais legal de
saber viajar entre LHs é o teleporte – opinião dos campeões das olimpíadas de
corrida interdimensional (que está sendo profundamente proibida pelos danos
legais a realidades). Não se sabe bem como se faz isso, já que o viajante de
LHs sabe o que fazer por puro instinto. Mas físicos respeitados creem que seus
átomos se separem em partes ainda menores e vão a uma velocidade que daria
inveja ao Goku, indo assim, ao ponto desejado. Simples assim.
Mas agora voltando
ao momento atual.
Kevin fala.
– Bem, ainda não
ente-
Vapt.
“Droga” pensa ele “Que desperdício”.
Ele cai após o
escorregão. Coincidentemente uma rachadura na rede do espaço-tempo ocorreu em
um bilionésimo de milissegundo bem abaixo dele. Ela fechou depois do
bilionésimo de milissegundo, e não estava com vontade de fazer algo.
– Ah! Claro! Como
não pensei nisso?! – fala Jack.
Kevin estava de
volta na passarela.
– Huh?
– Muito louco isso
Jack – fala Trenton – Como fez essa parada de teletransportar?
– Eu não sei.
– Sério?
– É que eu
aprendi... Bem... Não sei exatamente... – fala Jack, pensativo – eu já sei por
instinto.
– Ei, o que diabos
aconteceu aqui? – pergunta Kevin.
– Eu também não
sei, mas explico o que eu não sei no caminho – responde Jack.
– Interessante –
fala Trenton – vou também?
– Não sei –
responde Jack – você quer ir?
– Não – responde
ele rapidamente.
– Então está tudo
bem, não?
– Mas se Kevin vai com
você, eu vou também – fala Trenton – Alguém precisa abusar Kevin.
– Ei, espera, o que
eu tenho a ver com isso mesmo?
Trenton vira para
Kevin.
– Ele falou que ia
nos dizer no caminho.
Kevin trava. Pensa
que se hoje não fosse segunda isso não estaria acontecendo. Começa a culpar o
calendário cristão por ter a segunda. Começa a culpar Deus por ter feito o
mundo em sete dias, para depois seus seguidores fieis fizessem o segundo dia da
semana como segunda. Depois percebe que Deus não tem culpa de nada por que ele
não poderia saber se a segunda-feira poderia ser tão ruim. Agora percebe que a
culpa era mesmo de si mesmo, e consegue assimilar a situação.
“É o jeito” pensa Kevin “Tenho que seguir com o fluxo”.
– Bah, não tenho
nada pra fazer mesmo, vou com você, ah... – fala Kevin – Jack?
– Sim.
– Tá, ok, vamos
nessa – fala Kevin enquanto começa a andar para uma direção (ele não sabia se
era a certa, mas tinha de tomar uma atitude diante daquilo), e depois para e
olha para Jack – Como você me salvou da queda?
– Hã?
– Eu estava caindo,
aí de repente senti algo no ar embaixo de mim e depois estou aqui de volta na
passarela. Foi você que fez?
– Sim.
– Bom, não estou a
fim de saber como ou por que, mas vamos embora.
Jack anda em
direção ao centro da cidade.
– Você... – fala
Jack subitamente depois.
– Eu... – responde
Kevin, agora ele estava mais calmo e conseguia ignorar a existência da segunda,
e provavelmente tudo passaria a dar certo.
– Disse que sentiu
algo antes de se transportar para a passarela, certo?
– Foi.
– Se você percebeu
– fala Jack tentando, com sucesso, fazer uma voz promissora – Então você é
mesmo o cara certo.
– Eu sempre pensei
que eu fosse o cara errado.
– Apenas nas
segundas – fala Trenton.
Eles andam em
direção à praça.
O que aconteceu na
passarela foi um uso irresponsável da criação de realidades por parte de Jack –
qual descreveremos mais tarde, o único fato importante no momento é que ele usa
óculos. Depois que Kevin caiu Jack impediu que Kevin se estatelasse no chão
abaixo da passarela. Não há como explicar como ele fez isso, e também não tem
como descrever a forma do acontecimento, já que descobriram recentemente que
buracos negros não são negros e que eles não têm forma, o que abalou o
psicológico dos físicos menos respeitados pelo Instituto de Analise do
Espaço-tempo (uma dos menos prósperos institutos que tinha influencia em mais
de 800 realidades de três GLHs diferentes, mais conhecido por IAÊ), pois eles
achavam que o buraco negro era verde e era esférico enquanto os físicos mais
respeitados fundamentavam a inexistência dos buracos negros. Quem descobriu a
in-forma e a in-cor dos buracos negros foi o desconhecido e desinformado
publicitário disfarçado de físico para acalmar a população questionadora sobre
a vida, John Belt. É de conhecimento geral que a maioria das pessoas não saibam
nada sobre pessoas que sabem de tudo. E que a sentença anterior tem pleonasmo.
Existem várias
civilizações que conseguiram sobreviver até a descoberta da viajem entre LHs, e
que agora estão lucrando com a venda de passagens para dimensões relaxantes,
onde existem vários planetas desabitados. Os mais espertos se viram construindo
essas realidades por si próprios e somem para sempre, já que o negocio de venda
de passagens para LHs da preferencia do cliente não seja amplo, e que pra cada
realidade, na maioria, apenas 7 pessoas e dois objetos conseguem criar
realidades.
– Pronto,
praticamente chegamos.
– É aqui – fala
Kevin entusiasmado, porem sua próxima fala diz o contrario – a praça da
cidade... É...
Kevin vira pra
Jack.
– Por que nos
trouxe aqui? – pergunta Kevin – Eu odeio festas como essa.
De fato estava
ocorrendo um festival na praça. Era a praça principal da cidade, e havia sido
reformada recentemente. O período da reforma foi de 6 meses, e a única coisa
que mudou foi a pintura e as luzes, e isso foi feito com um dinheiro imenso dos
impostos. Ela não era nada comparada a praça da cidade vizinha. A praça da
cidade vizinha era quase duas vezes maior, custou 4 vezes menos caro, e era de
fato muito mais bonita do que a praça principal da cidade de Kevin, e as
modificações da reforma da praça da cidade vizinha foi troca de lâmpadas,
reforma da fonte, e outras 10 coisas uteis. Eles fazem a reforma da praça uma
vez por ano, enquanto da praça onde Kevin, Trenton, Jack e Ielene estavam,
faziam a cada seis anos. Não que a individua Ielene tivesse importância, era
apenas uma pessoa aleatória que estava obviamente na praça, e de que ela veio
da França. Se tinha outra pessoa a citar com a devida importância e que
estivesse na praça, o nome seria Abbie. O festival que estava ocorrendo na
praça principal da cidade estava movimentado. Kevin, Jack e Trenton estavam
indo para a rua à direita da praça. Tinha uma nave em formato de camaleão lá.
Jack usava um terno
marrom que ele nunca fechava, seu cabelo é ruivo rubro espetado e se encurvava
horizontalmente à medida que descia, usa óculos, calça comum, e a única coisa
estranha são seus sapatos. Seu olhar dizia claramente: “Tenho uma missão a
cumprir e estou feliz com isso!”, e a missão parecia complicada. A forma de
andar dele lembrava a de um adolescente que se achava cool, mas não era. Ele andava com a mão no bolso do terno (que ele
fez questão de alterar colocando esses bolsos grandes no terno) e o olhar era
sempre para frente.
Logo os quatro
estão na rua direita da praça – se você ver do ponto de vista do pequeno
monumento desgastado no inicio da praça.
– É aqui – fala
Jack, que em seguida para.
– Aqui? – fala uma
voz feminina.
Trenton vira pra
garota e fala.
– Sim, é aqui – que
depois aponta para Jack – Pelo menos é o que esse camarada diz.
– Interessante,
parece – fala Jack – que nessa realidade um monte de coisa acontece nesse
planeta.
– Sério? – fala
Kevin de forma surpresa – Eu sempre pensei que esse planeta não acontece nada
de interessante, e que os alienígenas devem se divertir pra caramba.
– Aqui o pessoal da
Terra pensa desse jeito? – fala Jack – Ah, tanto faz, o legal é que encontrei
outra pessoa/entidade/objeto capaz como vocês aqui.
– Eu?
– Exato, você está
nessa rua, de frente da nave por que você a achou o exterior dessa coisa calmo
e quer relaxar certo?
– Sim.
– Não entendi –
fala Kevin – pode fazer o favor de explicar?
– Ah, claro – fala
Jack apontando para a nave em formato de camaleão – como você vê isso?
– Com os olhos,
ora.
– Não, erm... O que
você vê? – diz Jack apontando para a
nave.
– Eu vejo uma nave
em um formato que me lembra vagamente um camaleão, por quê?
Jack olha para
Trenton.
– E você, ahn...
– Trenton.
– Ah – fala Jack –
esse é seu nome. Olhe para isso, o que você vê?
– Um nyan cat –
responde Trenton – Nada demais.
Jack vira para a
garota.
– Quem ser você –
pergunta Jack – e o que você vê?
– Abbie – fala ela
– e... (nyan cat?) vejo um tanque de guerra.
Jack olha para
Kevin.
– Kevin, entende? –
pergunta ele – Isso foi feito por mim apenas para atrair pessoas como vocês.
Essa nave consegue fazer ilusões, assim, tomando a forma que mais acalma a
pessoa que olhar para ela. Então fica fácil camufla-la, já que coisas que te
acalmam acabam não chamando atenção, e se a pessoa estiver tendo um dia ruim,
ao olhar para a nave, ele vai ignora-la, achando que é uma armadilha para
tornar o dia pior ainda. Eu estou procurando pessoas como vocês para... Bem,
explico isso depois, mas essa nave facilita a procura de vocês, já que vocês
tem uma característica especial, e se olharem para a nave, vão imediatamente
querer ver ela de perto.
– Genial – fala
Trenton – E seu nome é qual mesmo?
– Abbie.
– Você é linda.
Case comigo.
– Não, obrigada.
– Ok, eu tentei,
sua vez Kevin.
– Por quê? –
pergunta Kevin de forma incisiva.
– Eu falhei na
minha honrada missão, você deve ficar, prevalecer, e lutar pelo meu orgulho
furado.
Kevin se irrita.
– Me diga três
motivos – diz Kevin perdendo a paciência – três motivos para que eu faça isso,
se me convencer eu faço.
“Rá” pensa Kevin “Quero ver ele conseguir...”
– Não temos tempo
pra isso – interrompe Jack – Não, pera, temos tempo sim, o tempo é relativo
aqui né? Ok, estarei esperando dentro da nave. Ou caixa, laranja, tanque de
guerra, camaleão, o que for.
– Vai nessa – fala
Trenton, que depois olha para Kevin – três motivos?
Trenton faz um
olhar de determinação, algo que não combina com a cara dele.
– 1: Estou pedindo
um favor como amigo. B: Você devia namorar ou casar, seja lá o que for, já está
na idade.
– Pera, essa
segunda ou B... – interrompe Kevin.
– Me deixa
terminar! – branda Trenton – Bronze: É legal perturbar os outros, me ajude a
fazer isso com você.
Abbie apenas olha
para os dois, achando graça, e esperava no que isso ia dar enquanto se
preocupava para onde eles iam ir.
– Ok, não me
convenceu, vamos – fala Kevin que logo depois olha de volta para Trenton –
Alias, escolha um método de numeração!
– Pera – fala
Trenton – Ela vai com a gente?
– Sei lá – responde
Kevin – Pergunta ai.
– Você vai com a
gente? – pergunta Trenton a Abbie.
– Depende –
responde ela – Pra onde nós vamos?
Trenton para pra
pensar.
– Não é só isso –
fala ele de forma pensativa – tem a questão do “quando” também. Ele tinha
falado um troço sobre realidades enquanto Kevin andava em direção à passarela.
– Ah – fala Kevin –
Aquela coisa de relatividade que você tem estudado ultimamente? Bem complicado
aquilo.
– Se a física desse
planeta estiver certa né – responde Trenton – ele vem de outra realidade, pode
ser até de outro planeta, lá eles devem saber mais sobre o espaço-tempo e a
parada toda. Mas acho que vamos pra outra dimensão ou algo assim.
– Acho – fala Kevin
– que o nome que se dá pra isso é LH.
De fato, isso foi
um chute certeiro. O porquê de Kevin ter chutado esse nome é que ele pensou na
palavra “Layer” e “Heart”. Layer porque ele achava que as realidades estavam
arrumadas como camadas de um átomo, e Heart por que era um nome bonito de se
dizer e que ele fundamentava que sem as Layers, o Universo Multi-dimensional
desmoronaria, era a base e o centro (apesar do nome) da formação do Universo
Multi-dimensional.
– Sério? LH? Tá, eu
aposto – fala Trenton de volta em modo sarcástico – que isso tá certo...
Trenton volta seu
olhar para Abbie. Abbie tinha estatura média, idade em torno dos 20 anos,
cabelos variando de loiro para castanho escuro, e olhar de preocupação.
– Não sabemos para
onde/quando vamos.
– Ah, claro –
responde ela.
Ela olha para a
praça. Seus olhos parecem procurar alguém.
– É que...
– Ah, você está ai,
Abbie – fala uma voz masculina do lado.
– Ahn, oi pai –
responde ela de forma um pouco travada.
O tal pai da Abbie
olha para Kevin e Trenton.
– Oi rapazes, como
vão? – fala ele estendendo a mão para, obviamente, um aperto de mão, o que ele
conseguiu com sucesso; o fato de ele ter falado com eles como os conhece-se há
tempos era pra não envergonhar a filha.
– Oi – falam os
dois ao mesmo tempo.
O pai dirige o
olhar à filha.
– Bem, falta... –
fala ele, depois olhando para o relógio – Falta uma hora.
– Eu sei – responde
Abbie.
– Uma hora –
continua o pai – para ela chegar.
Ele olha de volta
para a praça.
– Você... – ele
volta a olhar para ela – Vai dar uma volta com seus amigos?
– Não, eu... – ela
responde enquanto esvazia a voz.
Ela pensa o quanto
seria importante pra ela. E pensa na oportunidade de ir com eles no tanque de
guerra. Ela sentia que devia ir – o que provavelmente é o que o instinto dela
de agente do HUB está dizendo. Ela olha de soslaio para Kevin enquanto fala.
– Eu posso
voltar... Daqui a 40 minutos, não posso?
Ele percebe.
– É, ela volta
daqui a quarenta minutos – fala Kevin.
– Então está tudo
bem – fala o pai – Quarenta minutos. No lado do monumento da praça. Eu sei que
isso é importante pra você. Vai com eles. Eu espero.
– Tudo bem, eu
prometo. Vou estar lá.
– Ok, tchau.
– Tchau pai.
Ele anda em direção
à praça e se mistura a multidão. Ele vai pro mesmo lugar que Ielene ia.
– Nós vamos mesmo
voltar pra cá em 40 minutos? – pergunta Trenton – Dá pra fazer isso?
– Jack disse que
tínhamos todo o tempo – responde Kevin – Provavelmente iremos para outra
dimensão, então podemos voltar para essa dimensão no tempo de 40 minutos depois
dela falar com o pai.
– Ah é – fala
Trenton – Havia esquecido dessa possibilidade, pra gente vai ser mais tempo,
mas aqui vai ser 40 minutos... Interessante esse negocio de dimensões.
– Pois é, vamos lá.
Eles entram na
nave.
Na praça, dois
minutos depois, no monumento velho e desgastado, um ex-soldado estava lá. Ele
estava sentado no banco pensando sobre a vida. Uma mulher chega nesse lugar e
senta ao lado dele. Logo depois ele olha para o lado e reconhece a mulher.
– Está uma hora
adiantada – fala ele – Ielene.
– É, eu sei que
você marcou mais tarde, mas o taxista se negou a pegar o caminho mais lento.
Daí eu fiquei passeando pelo canto da praça, ai cansei e resolvi procurar
vocês.
– Quando eu peço o
caminho mais rápido eles dão voltas na rua.
– Bah, normal.
Fica apenas o
barulho do movimento do movimento do pessoal da praça com o festival.
– E ela? – fala a
mulher.
– Chega em 40
minutos – responde ele – Acho que ela vai retornar até mais cedo, preocupada.
– Huff, ela
mudou...
– Desde o divorcio
entre eu e você, claro que ela iria mudar.
– O que – pergunta
ela, ignorando o comentário anterior – ela queria conversar?
Ele olha para a
mulher, ou melhor, vamos chamar do que ela é dele, ex-mulher.
– Sabe – continua
ela – eu estava passando por aqui a negócios, mas ela insistiu em me ver.
– Crianças têm
saudades. Não importa o quanto cresçam, os filhos que amam os pais – fala ele,
de forma distante – sentem saudades dos pais.
– Ela que insistiu
em ficar com você quando ela era criança. Mas você não você não respondeu minha
pergunta.
– O futuro. Ela
quer cursar na França.
– Hã? Ela quer
morar comigo?
– É.
– Tá, ok, mas devo
avisar que não ensinarei a ela francês.
– Como esperado de
você – diz ele, rindo.
“16h53min, 12/07/2010” Pensa Abbie,
anotando isso no papel.
Logo depois ela
guarda no bolso da calça, ela achou que não podia confiar no buraco negro que
ela chamava de bolsa.
– Bem pequeno isso
aqui – fala Kevin.
– Ah, foi mal –
fala Jack – é que se ficar muito grande não dá pra nave ficar “invisível”.
– Bom, pra
onde/quando vamos? – pergunta Trenton, animado.
– Falta o porquê
também.
– Tá bom – responde
Trenton – Pra onde/quando/porque vamos?
– Decidiremos isso
agora, venham todos aqui.
A nave, caixa, nyan
cat, tanque de guerra, nave em forma de camaleão, seja lá como você chamar, era
ligeiramente menor do que uma pessoa da terra esperaria. Na imaginação de
pessoas da terra na idade contemporânea, naves espaciais de outros planetas (ou
realidades, nesse caso) são grandes, tem chamas azuis, design aerodinâmico, e
tem suprimentos quase ilimitados e disponíveis para comer no espaço. A “nave”
onde eles estavam tinha apenas um banco longo e semicircular, parede oca com
algumas telas penduradas e um computador para entretenimento. A “nave” nem
sequer tinha motor. A movimentação era baseada no objeto “nave”. Era um objeto
que adquiriu consciência e agora leva Jack para qualquer lugar. Era um objeto
agente do HUB, e sua classificação seria no grupo de três primeiras dimensões.
A nave consegue viajar apenas no “onde”. Ela se movimenta no espaço apenas. O
modo de como ela viaja entre LHs é colocando em seu cérebro não-existente as coordenadas
onde se posiciona uma rachadura do tempo-espaço. As coordenadas do universo no
quesito “espaço” estão em constante mudança, e a origem delas vem de fora para
dentro. Como o universo vai se expandindo constantemente, e não tem forma, o
canto de onde até o universo se autoformou é a origem. Ela está em constante em
mudança, e em consequência, as coordenadas universais do espaço também. O lugar
onde as rachaduras de espaço-tempo aparecem é nas coordenadas formadas
totalmente de números irracionais, ou então infinitos. Exemplo: Vou pra
coordenada π,∞,√3. Lá você acha uma rachadura e vai para um lugar aleatório dos
universos.
Poucas vezes a nave
é usada por Jack, e ela gosta de ficar quieta.
– Muito bem, sentem
aqui.
Eles sentam no
banco longo e semicircular.
– Ok –diz Jack no
centro – agora vou dizer a classificação de vocês.
– Classificação?
– É, esperem pra
ver – responde Jack, que logo depois vira para Trenton – Você é classificação 2
e 3 ainda.
Ele olha para
Abbie.
– Você é 1 e 3 –
fala ele, que depois prossegue com uma voz desapontada – Pois é... Vocês vão
evoluir mais tarde...
Ele olha para
Kevin.
– Nossa – fala
Jack, surpreso – classificação 4.
– Isso é ruim? –
pergunta Kevin – Seja lá o que for...
– Não, é bem útil
até.
– Pensem todos em
um numero – fala Jack depois.
– Pode letra? –
pergunta Trenton.
– Sim – responde
Jack – todos já pensaram?
– Já – todos falam.
– Vou definir a
área de transporte e probabilidade – fala Jack – Temos que encontrar no mínimo
mais 3 de pessoas como vocês para continuar com o plano.
– Agora pensem de
novo – continua ele.
Ouve uma ausência
de barulho, espaço, tempo, sentido, energia, ect.
A nave enquanto
viaja pelo tecido Multidimensional com aquelas pessoas dentro dela começa a
elaborar uma petição para exigir ao governo o direito de cidadania. Ela deixa o
assunto para lá em exatos 7 segundos e resolve cumprir seu trabalho de não
fazer nada.
Dimensão 2 –
Ações | Responsabilidade sua
Em vários
universos, inclusive no universo Original, inexplicavelmente a súbita ausência
de som é descrita pela onomatopeia “Truarchi”, na maioria das civilizações
inteligentes. Nas LHs entre a L415-c4H e a L7H, tem algo interessante sobre
esse fato. As estúpidas civilizações que existiram, lutaram, se massacraram,
cometeram erros, agravaram outros, e se matavam mais um pouco na Terra, diziam
o seguinte a respeito do silêncio (mesmo eles nunca entenderem do assunto, mas
os conhecidos magos da antiguidade diziam para deixar isso pra lá e as
civilizações diziam o contrário): para rogar praga para alguém ficar mudo
precisava falar “Āga vagara haḷavā” (segundo a pronúncia Jamaicana). Na L6H, na
cidade de Chilliwark, na língua e escrita local, caso escreva Truarchi, a
pronúncia será Āga vagara haḷavā.
Tinha um recipiente
plástico com uma roldana de metal, uma pedra, uma mola, um minúsculo canudo, e
gás propano. Ele espalhou sua influencia por todo o mundo – e em varias
realidades ele tem sido bem popular, embora apenas duas raças em todos os
universos disponíveis atualmente usam esse objeto. Agora, pela presunção e o
desejo infinito do ser humano, ele estava sendo substituído por um recipiente
de plástico com gás propano e um botão que gera uma faísca elétrica. O isqueiro
em questão não gostou dessa coisa de ser substituído, e agora está fazendo um
protesto em nome de todos os isqueiros da geração anterior, para assim,
conseguir direito a moradia, comida e quem sabe aposentadoria também. Aparentemente
todos os objetos que ganham consciência (não conta se forem os objetos que já
são criados com consciência) sentem algo novo sobre o universo, que antes,
quando eles eram simples objetos, o universo era existencialmente
compreensivelmente infinitamente grande. Deferente de seres vivos, que tinham a
maldição da vida, alma, essência e sentimentos, os objetos eram descartáveis e
podiam ser facilmente substituídos, enquanto fazer uma alma nova é um pouco
difícil, já que a renomada dimensão das
almas que ficam conjunto de todas a realidades, precisa de acesso VIP de
Deus para poder entrar. Segundo os fieis, o acesso VIP de Deus é concedido a
você caso você o sinta, o encontre, fale com ele e faça algumas piadas durante
o almoço.
Ninguém jamais
conseguiu acesso VIP para a realidade das almas.
A realidade e
planeta onde o isqueiro fazia seu protesto em nome do orgulho de todos os
isqueiros que iriam ser substituídos, estava, ligeiramente longe. Ou distante
em tempo. Ou distante em sentido.
– Érhm... Bem... –
fala Jack – Chegamos.
– Percebi.
– Bem louco.
– Onde... Não, pera
– fala Kevin – Quando estamos? Ou seria por quê?
– Uma pena – fala
Trenton – que aqui não tem janela. Pra falar a verdade... Não tem nada aqui.
Pra que estamos dentro dessa lata?
– É que de vez em
quando, você pode viajar pra uma realidade e parar na frente de uma supernova.
Ai precisamos disso. Essa coisa camuflada tem consciência e tem as mesmas
habilidades como vocês.
– Que tipo ele é? –
pergunta Abbie.
– 1, 2,3.
– Quero carne –
fala Trenton – Mas me explique antes isso ai, isso é bem divertido, mas fica
estranho se eu não entender nada.
– Ah, tudo bem.
Jack contou.
***
Em outro lugar,
outro sentido – claro que tempo não incluía no caso, já que a diferença de
tempo era pequena, então não inclui nos cálculos – alguém ficava repetindo
constantemente em sua mente, por puro autotortura (pelo fato de ter pensado
algo extremamente errado), uma palavra grande o suficiente para ele ter dor de
cabeça e também para o tempo passar mais rápido, e a palavra era
Pneumoultramicroscopicosilicovulcanoconiótico.
Ele falhou
miseravelmente na missão de pensar na palavra para o tempo passar mais rápido,
mas se teve dor de cabeça, ele teve.
– Hufff...
Ele volta a olhar para a janela. As luzes
vermelhas dos carros na parte direita da pista entravam em contraste com as
homeopáticas luzes brancas dos carros na parte esquerda da pista. Ele não
gostou do resultado. Apenas por um momento ele pensou se a ordem de pensamento
alterava o produto. Testou. As luzes brancas dos carros na parte esquerda da
pista entravam em contraste com as homeopáticas luzes vermelhas dos carros na
parte direita na pista. Não mudou nada. Tentou alterar um fator. As luzes
brancas e amareladas na parte esquerda da pista entravam em contraste com as
homeopáticas luzes vermelhas dos carros na parte direita da pista. Nada. Tentou
de novo. As luzes idiotas que o atormentavam, já que isso significava que iria
ficar no mínimo, duas horas preso naquele transito maldito, estavam paradas
brilhando infinitamente. Melhorou. Por sorte, o ônibus não estava lotado, pois
caso estivesse, teria gente gripada passando doença e gente reclamando da
demora, e outros escutando musica sem fone de ouvido na esperança de encontrar
outro ouvinte da musica em questão. O ônibus estava vazio.
As luzes falhas do
ônibus – que por puro Murphy estava falhando bem em cima de Vincent Liel, no
momento exato quando ele decidia ler um pouco um dos livros e quadrinhos que
ele carregava na mochila, e logo ele não conseguia devido à escuridão, e as
luzes vermelhas dos carros e a luz alaranjada dos postes não tinham uma
qualidade boa o suficiente (ele já havia pensado em mudar de lugar, mas estava
com uma preguiça que o deixava em estado semivegetativo) – pararam de
incomodá-lo. Sua mente se concentra na pista engarrafada, os sons de buzina, a
noite densa que era atrapalhada (ou pelo menos devia ser) por postes que
funcionavam durante o dia e desligavam a noite, o CO² insuportável, a umidade
do ar que revelava que em poucos minutos iria chover, e os prédios cinzentos e
pouco criativos da cidade.
“Preciso urgentemente morar no campo”, pensa ele.
Ele precisava de um
lugar agradável, longe daquele lixo cinzento onde ele estava, pois a cidade é
sempre a mesma coisa, tão agradável, tão irritante, tão destruidora, e tão
melancólica. Sempre a mesma coisa, se mata na escola, para depois se matar de
trabalhar. Ele pensou como seria morar no campo. Teve uma visão pior. Ele
percebe o que acabou de fazer e reconsidera o ato de falar mentalmente a
palavra Pneumoultramicroscopicosilicovulcanoconiótico, mas desiste logo. Ele
pensa que talvez tenha uma palavra maior para lhe dar mais dor de cabeça (e de
fato tem, porém ele passaria onze tediosas horas pronunciando mentalmente).
Vincent Liel tinha
passado boa parte da vida tentando decidir coisas na vida, e ele falhou
miseravelmente. Indecisão era uma das especialidades dele, e ele fazia
frequentemente. Dez minutos atrás ele estava pensando em maneiras de as pessoas
serem boas umas com as outras, e 6 minutos atrás, ele pensou em formas de
eliminar o lixo da humanidade. Ele pensava externamente bem diferente das
pessoas normais, mas por dentro ele era o pessimismo em pessoa. Ele tinha um
lado bem diferente em uma tentativa frustrante de ser diferente dos outros,
quando ele era bem desmotivado.
Tenho que ser
diferente dos outros, não vou ser um molde da sociedade, etc., etc., era os
pensamentos que ele tinha ao começar a ficar extremamente otimista quanto às
coisas. Ele internamente se afogava de raiva por ter uma mente burra o
suficiente para pensar que a vida era legal e a escola foi a melhor coisa que
lhe aconteceu. Ele não sabia desde quando ele fazia, mas quando ele estava em
um transporte e o silencio dominava, ele admirava a paisagem da janela e
pensava no tempo, o que o levava a coisas sobre pensamento do sentido da vida,
importância do universo, etc. Nessas horas a mente interna e externa brigavam
pelo controle emocional dele, o que gerava pensamentos bem incoerentes.O tempo
passava vagarosamente para ele, e sempre foi assim nos momentos não divertidos,
mas ao lembrar-se desses momentos, os mesmos ficam pequenos e perdidos nas
memorias dele.
Ele estava cansado
disso, queria acabar com tudo, mas ainda queria ficar. Quando ele se pegou pela
primeira vez pensando em suicídio, ele percebeu um desafio direto da vida
contra ele, e logo ele sente que deve continuar com a droga de vida que ele
tem, e provar para ela que ele não se abala facilmente.
O pensamento de que
algo iria acontecer (não tinha como determinar se era bom ou ruim) não foi
contrariado pela outra mente que ele tinha. Ele não estava nem aí com o que
iria acontecer, ou já aconteceu, mas queria encontrar um sentido para ficar morto
ou vivo, seja qual for o resultado, contanto que o motivo seja bom. Liel queria
essa informação inconscientemente, e as suas duas mentes concordaram que a
resposta com certeza não estava ali. Ele logo conclui que aquele não era seu
lugar, depois discorda de si mesmo e pensa que a vida/morte dele está ali. Liel
se cansa disso e afirma que ele vai sair de lá não importando se ele quer ou
não.
Eventualmente ele o
faz.
– Ah, antes de eu
falar tudo – diz Jack – Quais são seus nomes mesmo?
– Completo? – pergunta
Abbie.
– Sim.
– Pra quê? –
pergunta Kevin.
– Pra eu ter
certeza de não nos enviar pra um tempo, espaço e sentido em que vocês estejam
lá.
– Sério? – fala
Trenton.
– É muito confuso
encontrar a si mesmos, mesmo que sejam de outra realidade – responde Jack –
Experiência própria.
– Kevin Steve.
– Trenton Finley.
– Abbie Laury.
Jack está anotando
em um papel.
– ...Finley...Abbie
Laury... – fala ele enquanto escreve – e Edgar Collin.
– Por que você
anota no papel e não no computador? – pergunta Kevin – E quem é Edgar Collin?
– Os computadores –
fala Jack – Ficaram descartáveis com o tempo. Quebram fácil. Coisa da Terra da
L6H, onde eu moro. Ah, LH é como a maioria dos universos chamam as realidades –
nesse momento Trenton toma um choque em seu cérebro na parte dos sentimentos,
mais especificamente no seu orgulho, enquanto Kevin fica abismado com a cagada
que ele fez por acertar o nome – E Edgar... É um literário dinamarquês que eu
gosto bastante, ele faz peças boas, vou procurar sobre isso depois, por isso
estou anotando.
– Faz sentido.
– Então, explique
aí – fala Trenton.
– Muito bem... Por
onde eu começo?
– Pelo começ... –
fala Abbie – Não, melhor, começa pela raiz.
– O que raiz tem a
ver? – pergunta Trenton.
– Não sei, deu
vontade de falar.
– Então começarei
pela raiz – diz Jack.
– Tem realmente uma
raiz no meio... – fala Kevin – Acho que nada mais vai me surpreender...
– Olha, imaginem um
universo como esse, e que não exista outra realidade. Se organizarmos a linha
de tempo, nós veremos uma linha reta, certo? A partir da existência desse
universo, essa linha dá origem a outras, e mais outras, e essas se dividem em
outras menores, e as menores em outras menores, e por ai vai. Em uma você
poderá ver alguém jogando uma bola de papel e acertando, e essa dá origem a
outra realidade, que essa pessoa erra. É mais ou menos assim a divisão da linha
de tempo de todos os universos. Por isso se chama raiz. O problema mesmo é que
essa raiz é infinita do inicio ao fim.
– Quem diria – fala
Abbie – tem realmente uma raiz no meio disso tudo.
– Foi o que eu
disse – fala Kevin.
– Bom, foi assim a
ordem geral dos universos – continua Jack – Mas aí devido as inúmeras
experiências com o tempo-espaço, e experiências sobre todas as realidades, o
tecido dimensional (que abrange todas as dimensões que o universo tem, no caso
do universo de vocês são 23 dimensões) acabou desmoronando de vez.
– Pera, o universo
tem dimensões?
– É – responde Jack
– por isso que chamamos LHs de realidades, e quando falo de dimensões, falo de
altura, comprimento, largura, tempo, sentido, etc.
– Não sei por que –
fala Kevin – mas sinto que já sei de tudo isso.
– Na verdade vocês
sabem de tudo isso, é que quando pessoas com essas habilidades, que se chamam agentes do HUB, falam com uma pessoa
capaz de se tornar um agente também, a mesma tem memórias inseridas
automaticamente, assim, economiza tempo. Objetos também podem se tornar agentes
do HUB, mas eles aprendem sozinhos.
– Que louco.
– Vou pular essa
parte de explicar quem são vocês, quais habilidades e o que é HUB. Agora vou
falar por que vocês têm que vir comigo.
– Muito bem –
continua Jack – vocês já sabem de tudo inconscientemente e não tem necessidade
de explicar, procede?
– De acordo –
responde Kevin.
– Ei, advogado – se
intromete Trenton, que decide entrar na brincadeira – Sua necessidade de um
linguajar inapropriado para compressão popular é totalmente dispensável,
gostaria de armar um inquérito contra sua forma de falar.
– Protesto! Sua
inconstância nem sua personalidade revelou que você pode (e deve!) abdicar para
sua função no cargo judiciário, logo- Tá. Parei.
– Ótimo – fala Jack
retomando a conversa – prosseguindo, eu estou reunindo vocês...
Nesse momento os
três se enchem de expectativa, com esperanças de que a função deles ali seria
salvar o universo ou coisa parecida (enquanto Kevin esperava que Jack estivesse
juntando pessoal para tomar umas bebidas bem pesadas por aí).
– Bom, eu não sei.
“Hum... Isso foi bem...” pensaram todos os
três “Diferente do que eu esperava...”.
– Pera, já sei –
fala Kevin esperançosamente – Você quer fazer algo de interessante e agiu por
pura irresponsabilidade e aleatoriedade para conseguir isso.
– Acho que é algo
assim – responde Jack – Não, bem que eu podia ter feito essa nave especialmente
para esse momento (mesmo ela sendo inútil), log não seria mal planejado.
– Mas você a achou
por acaso – fala Abbie, que resolve fazer algo a respeito – Não foi?
– É.
– Mas era uma
possibilidade – diz Trenton.
– Sim.
– Você está
estranho Trenton, digo, normal.
– Tenho a sensação
de que algo está errado, portanto, estou um pouco mais “pessoa” do que o
normal.
– Como assim? –
pergunta Abbie.
– Estamos desviando
do assunto – fala Kevin – Se não tem um motivo para estarmos aqui, invente
agora, nem ferrando que volto pra aquela vida idiota.
– Decidimos isso
depois, quero sair daqui.
Edgar Collin sempre
foi nervoso. Sua profissão de cobrador de ônibus era calma, tina um ar sereno
de CO² e era entediante. Ele tinha em torno dos 28 anos, e já estava entediado
da vida, e procurou saber se a morte sabe conversar de forma interessante. Ele acaba
de concluir que a morte no momento está tão entediada quanto ele.
– “Você é jovem”
dizem eles “Pare de reclamar da vida” É o que eles dizem... – resmunga Edgar.
– Hã? – pergunta um
passageiro do ônibus – Disse algo?
– Não, nada.
O seu nome era
baseado em um jornalista, literário e historiador de teatro dinamarquês Edgar
Collin. Pelo menos foi isso que o pai de Edgar cobrador de ônibus disse – já
que o termo correto seria “copiado em homenagem”. Isso o deixou frustrado por o
pai não querer lhe dar um nome original. Mas o que o deixava nervoso era o
quanto sua vida era entediante. Menos quando o ônibus foi assaltado mês
passado. Aquilo foi de fato interessante e assustador.
– Ei Ed – fala um
cobrador que irá substituir Edgar agora – Iaí? Como vai?
– Mal como sempre.
– Claro, claro, mas
agora tá no meu turno.
– Ok, tô indo.
– Vai nessa.
Edgar sai do lugar
de cobrador de ônibus dele, vai para a porta de saída do ônibus, e pede para o
motorista parar no próximo ponto. Ele desce do ônibus logo depois. Ele olha ao
redor tentando ver algo de interessante na paisagem. Percebe que ficou pensando
demais na vida e esqueceu-se de esperar um pouco mais no ônibus para ficar mais
perto de casa. Ele entra na viela próxima e anda, meio devagar. Até que ele vê
um campo de futebol. O campo estava vazio. Ou nem tanto. Tinha uma coisa em
forma de camaleão lá. No entanto ele via como um boi. A imagem do boi o
acalmava, pois assim ele se lembrava da infância na fazenda, onde tudo era
calmamente interessante. Ele anda em direção ao “boi”.
De repente ele ouve
um grito vindo dentro do boi.
– Vamos sair logo!
Tem um mundo... Digo, uma realidade nova a nossa espera!
Ele se pergunta se
realmente ouviu uma voz saindo do boi calmo que pastava ali no campo de
futebol. Ele começa a se perguntar o que esse boi estaria fazendo ali.
Se existisse uma
forma de uma porta se abrir a partir de um boi, e que uma pessoa saísse por
essa porta, isto estaria acontecendo agora.
– Ah! O ar livre! –
fala Kevin – Estava abafado lá, você não pensou em um sistema de ventilação pra
gente respirar não?
– Isso... –
responde Jack enquanto sai de lá também – É, tem razão, não pensei nisso. Acho
que devo incluir algum sistema de respiração ou algo assim na nave, mas depende
se a nave vai deixar.
– Se ela vai deixar?
– Fala Abbie que já está na porta – Ah, sim, você tinha falado que ela tem
consciência, né?
– Quero abandoná-la
– fala Trenton depois de sair de lá também – Não gostei do jeito dela não.
– Mas para viajar
sem ela – responde Jack – precisamos de mais uma pessoa que teria potencial de
ser agente do HUB.
– Vamos encontrar
um logo! – fala Kevin – Ei, quem sabe aquele carinha ali?
– Oi – diz Trenton
para Edgar – Que dia é hoje?
Com escolhas e mais
escolhas que nunca existiam, Liel continuava seu caminho. Há um dia ele tinha
decidido que sairia dali. Não sabia bem de onde, mas ele ia sair. Não elaborou,
não criou nada e nem sequer pensou em planejar. Apenas ele determinou que ele
iria sair. Após andar no sol escaldante – que acabou estragando a felicidade de
varias pessoas que acharam que a chuva pesada do dia anterior iria repetir
hoje, ele decide descansar. O banco estava inocentemente e na hora certa, do
lado dele no momento que Liel para de andar. Ele olha para o banco, percebe que
não era o banco que ele pensava, e continua andando. Ele lembra que na noite
anterior, no ônibus, ele pensou na possibilidade e impossibilidade de ter um
buraco negro nesse planeta. Seria uma possibilidade boa de sair de um lugar.
No entanto, o que
ele não sabia é que buracos negros, na pratica, não são buracos, tampouco
negros. Considerando que na teoria, um transporte de matéria no espaço e no
tempo seria provocada por um buraco negro a coisa teria sentido. No entanto
buracos negros não são táxis, e a definição do espaço tempo não tem sentido.
Mas os buracos negros são eficientes trampolins pelos agentes do HUB. A
historia do trampolim na maioria das dimensões segue o conceito de “Eu quero
pular mais alto para depois cair no chão e morrer” – sabe-se que os
mega-trampolins foram uma forma eficiente de matar alguém em publico.
Mas o conceito de
buraco negro foi muito difundido pelos universos, e agora a teoria é de que o
universo é um buraco, e o exterior do buraco representaria todos os buracos
negros. Não só faz um pouco de sentido reverso como matou vários isqueiros de
vergonha nos universos.
Agora o assunto
principal da conversa dos isqueiros é culpar o HUB por tudo.
Uma vez um isqueiro
decidiu conceituar o HUB para o universo para na ultima frase critica-lo. O
discurso foi:
“É um sistema autocriado pelo próprio universo multidimensional.
As coordenadas dos multi-universos acabam criando códigos de informação viva,
como o cache de um computador. Isso foi a bilhares de bigazilhões de milênios
universais atrás. Um ano universal equivale à metade da linha do tempo do
universo. Ele está sempre aumentando. Se calcular a coisa toda, vai perceber
que é há algum considerável tempo. HUB tem em sua programação quântica de que
sua missão é: retroceder toda a linha de tempo do todos os universos até ficar
negativo. Não existe tempo negativo sem um ponto de referencia. Há universos
que estão “quebrados” na linha do tempo, quando ele retrocedeu até o inicio de
tudo. Os físicos que visitaram essas realidades afirmaram que estão mortos e
agora estão reivindicando direitos de cidadania para mortos. Os agentes do HUB
que tiveram a oportunidade de achar uma dessas realidades descobriram que não
havia nada ali (ou quando, porque, etc.) e estranhamente havia barulho de chuva
– qualquer um poderia concluir que o que quer que não estivesse ali,
provavelmente deveria ser vácuo, já que o som não se propaga pelo vácuo, e como
tem som, ali não tem vácuo.”
“O HUB estava entediado faz alguns milênios, depois de analisar
a linha do tempo de vários universos, ele decidiu retroceder o tempo de todos
eles. Se ele conseguir, descobrirá que os universos que conseguirem ter sua
linha de tempo negativo, vão ficar como as realidades quebradas: o vazio, junto
do barulho de chuva e a própria chuva, caindo do nada, no nada. Depois de
alguns nano segundos entediado, ele teve uma ideia, e logo começou a configurar
varias assinaturas atômicas e começou a contratar os tais agentes. Logo, mudou
alguns eventos dos universos, organizou e deixou tudo pronto. Os agentes eram
controlados em todos os eventos, levando ao retrocesso dos universos.
Atualmente o plano está, digamos, 72% concluído. Os agentes não se importam com
o retrocesso do tempo, já que eles acham isso uma completa perda de tempo, além
do fato que ser um agente do HUB traz muitos benefícios. Os agentes do HUB não
estão nem aí com os universos, eles seguem seus sonhos (que agora estão
alcançáveis em alguma realidade, basta eles apenas procurar), e vivem
apreciando os universos.”
Nesse momento,
alguém da plateia morre de tédio, e outras duas por suicídio.
“É claro, o universo ainda tem o sistema de divisão por
poder (ou riqueza, ou importância, etc., etc.), não importa onde/quando/por
que, sempre os seres (e os objetos também, nesse caso) se dividem para ver quem
é superior. Portanto, tem aquele negócio de classificar a capacidade de um
agente do HUB – que no caso não tem culpa de nada, pois os próprios agentes
organizaram esse negócio de classificação. A organização é simples, no universo
matriz (o que originou todas as realidades) a divisão das dimensões do mesmo é:
espaço (4 dimensões), tempo (3), sentido (2) e o fator azar (2), junto com a
intensidade de essência da alma (5), e outras 37 que não tem necessidade de
citar. Logo, eles têm as classificações prontas aí, de onde (e quando, porque,
etc.) eles são capazes de se mover no universo. Os que dominam todos conseguem
facilmente criar realidades a partir do zero absoluto. Nunca mais se ouviu
falar dos que conseguiram fazê-lo.”
“Esse tal de HUB está culpado de provocar danos morais
aos abacaxis.”
A plateia aplaude
enquanto o isqueiro Jhonson magicamente é transportado por pura física, para um
lugar um pouco mortal. A supernova mata o isqueiro Jhonson.
Você poderia me passar toda a história? eu estou me sentindo confusa lendo aqui :S /sim,eu sou baka ;-;
ResponderExcluiremail: aline.amanda.kini@gmail.com
assim que terminar de ler eu te mando um e-mail falando o q achei,ok? >w<
Hum ><,vc ainda ñ viu o comentário? :c
ResponderExcluirok essa aqui é a do meu friendo, Francismar, mas eu te passo as duas!
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