domingo, 28 de julho de 2013

1º capitulo de HUB

Aqui está ele, pessoal.
Por hoje é só. Amanha, no mesmo horário, vem capitulo 2.
Quanto ao numero de paginas, eu disse 20, mas acho que vai só 16, mais do que isso não dá.



Dimensão 1 – O que é|O que deixa de ser




O sonho era bem simples, mas incompreensível para pessoas que não entendessem de física quântica até o nível de deus avançado – ou seja, nenhuma, e se algum humano entendesse disso, ele poderia deduzir na hora o porquê de aquilo ter acontecido e logo depois descontaria suas frustrações em um Big Mac (ou pode ser um sanduiche de outra loja, depende do humano).

O rapaz retorna sua consciência. O sonho acabou de começar.
Ele, como qualquer pessoa faria impulsivamente em um sonho, começa a olhar e analisar onde está e o que deve fazer.
Ele percebe que tem uma luz no que poderia ser chamado de horizonte. Poderia. Mas o cenário ao redor dele, segundo a visão dele, era vazio.
Ele decide olhar ao redor, além da luz.
Percebe que na verdade está tudo claro. Nesse momento ele para pra pensar e retorna o olhar para a suposta luz no suposto horizonte.

Era uma fonte de escuridão.

Ele poderia ter certeza que momentos atrás, estava escuro, e aquilo era uma luz. Ele confiava em seus olhos. Agora começa a desconfiar de todos os sentidos do corpo e o corpo em si, pois ele percebe que na verdade, ele estava de olhos fechados.
Em vez de se perguntar onde está e o que deve fazer, ele começa a perguntar a si mesmo se realmente ele estava em algum lugar e se o senso de dever é importante agora.
Ele abre seus olhos.
Mas não tem nada. Não tem escuridão, nem claridade – físicos respeitados diriam que algo assim estaria dentro de um buraco negro, o que não só está errado, como completamente confuso, já que é “fora” dos buracos negros, e não dentro, e “fora” dos buracos negros está o interior, e dentro está o resto do universo.
O nada vem a mente das pessoas como a escuridão completa ou claridade completa, e algumas chegaram a conclusão de que realmente o nada é cinza. A melhor maneira de descrever esse nada onde o rapaz estava seria imaginando um lugar onde você pegue uma gota d’água bem incolor e o cenário não refletisse na gota, fazendo um incolor verdadeiro. A cor da gota seria a cor do cenário vazio onde o rapaz estava nesse estranho sonho.

Mas esse questionamento dele foi interrompido por uma voz.

– Por que você?
Ele olha para o nada da direita, seguido pela esquerda e depois para baixo e esqueceu-se de olhar para cima.
– Por que eu o que? – fala o rapaz com estrema indignação e duvida.
Ouve um silencio aparentemente impenetrável. Até um relógio mudar isso.
Beep. Beep. Beep. Beep. Beep. Beep. Beep. Beep. Beep. Beep. Click.

O barulho que o relógio fazia não era infernal. Ser acordado repentinamente em uma segunda desse jeito sim. Clicar o botão de desligar despertador do relógio, virar para o outro lado na cama, 2 minutos depois percebe que já está na hora de acordar, olha para o frio da manhã, olha para o calor aconchegante do seu cobertor, faz a decisão sensata de resolver ficar mais 5 minutos na cama.
O resto do dia dele é bem difícil de prever (menos coisas óbvias como “vai pra faculdade”, “estuda” ou “dorme”), exceto pelas segundas. Há uma coisa que sempre dá pra ter certeza do que irá acontecer com ele nas segundas.

Ele levanta da cama após perceber que não podia ficar naquele calor aconchegante de seu cobertor, pois sabia que iria criar habito de ficar hibernando ali, talvez até para sempre.

O que sempre acontece com ele nas segundas é algo normal. Acontece com muita gente.

Olha para o deplorável despertador que ele comprara na loja de 1,99 da esquina. Faz o processo de estralar o máximo possível todos os ossos do corpo seguido por um pesado bocejo que quase torce seu maxilar.

– Uaaahhh...

É mais ou menos a mesma coisa do que as segundas das pessoas normais (e anormais), já que o impacto que ele sofre nas segundas parece ser quadriplicado e elevado a uma potência bem alta e multiplicado por um numero irracional.

Ele olha ao estado deplorável do quarto – que por um chute dele, seria 3,14 vezes mais deplorável do que o despertador. Computador, algumas comics, desarrumação, livros no canto da mesa, e outras coisas que jovens têm por aí. Passou meio minuto organizando sua mente.
“O que foi aquilo?” pensava ele ao lembrar do sonho.
Ele olha para o relógio novamente.

O que diferencia as segundas-feiras dele das segundas-feiras das outras pessoas, é pelo simples fato de que tudo tem a maior chance de dar errado, e caso alguém analisasse os fatores e chances das coisas darem errado para ele, até Murphy ficaria surpreso.

O relógio tinha os seguintes números e letras:
 25/04/11
MON 8:47

A aula dele começava oito e meia. O primeiro horário tinha o terrível professor de matemática que nunca faltava e sempre tirava ponto de quem chegasse atrasado. Merda.
O rapaz em questão – que agora está correndo desesperadamente pelo campus – sempre teve um poema para acalmar a si mesmo nas segundas infernais. O poema, se baseia, em razoável parte, em xingar a existência da matemática.



Algumas horas depois. Fim das aulas. Fim do tédio. Fim do sofrimento para o rapaz.
O nome dele não importa muito agora, mas é bom mesmo assim contar. Kevin Steve. Idade desconhecida pela ciência, já que ele é um completo desconhecido para o Universo. Pelo menos até agora. A sua aparência importava sim, já que era uma das poucas coisas que ele não se importava, mas ele tinha cabelos castanhos que chegavam (certas vezes) ao preto, uma altura razoável para uma pessoa normal da mesma idade e tem um olhar entediante. Talvez se o colocarem em uma noite de chuva e com uma luz de poste e como ele olhando para baixo, o cabelo liso e espalhado daria a ele um visual bacana e badass. No entanto, ali não era lugar de ficar com olhar sombrio e na chuva. Estava quase terminando a faculdade, tinha em torno de 23 anos (a idade não importa muito agora, e não tem necessidade de confirmar com precisão a idade dele), e quando estava para entrar lá, tinha escolhido algo aleatório relacionado à matemática, do que logo se arrependeu um pouco depois, já que antes ele achava que tinha ligeira vantagem com matemática, mas depois notou que os alunos da sua sala é que eram ruins. Não tinha nenhuma objeção contra fazer isso, mas já estava enchendo o saco.
Era Segunda. Segunda era seu pior dia, e ainda por cima esse tipo de dia que normalmente ele tinha nas segundas testava a paciência de qualquer um. Se ele fosse alguém mais esclarecido, poderia perceber que ele tinha paranoia de que algo ruim aconteceria nesse dia, e isso causava uma cadeia de eventos que causasse exatamente o que ele temia. Ele chamava de maldição da segunda-feira. O porquê de isso acontecer tem a ver com o universo onde eles estavam (ou quando, ou por que) e sua propriedade de ter coincidências em excesso. Mas agora ele não tinha cabeça para isso. Ele queria sair dali, e queria sair logo.
Ao andar, ele parecia meio deslocado. De fato é. O medo constante das segundas e sua timidez dificultaram as coisas. Não tinha muitos amigos justamente por isso. Porem quando ele conseguia ter amizade com alguém, em um ano ele conseguia estragar tudo e não manter contato depois, nem dizer oi ou algo assim – estranhamente sempre ele andava com alguém amigo, mas no ano seguinte essa pessoa saía do colégio e Kevin arranjava outra pessoa para andar. Mas uma pessoa notou que isso acontecia, e falou para Kevin que iria mudar isso. Acabou sendo verdade.
Agora o que ele desejava era uma confortável cama e um refrigerante. De uva de preferencia. Havia planejado desde ontem compra-lo, já que era uma das poucas coisas que acalmariam o estado espiritual dele (que no momento está perturbado devido ao fator “segunda-feira”). Tinha até o dinheiro contado. Tinha gastado o resto em seus vícios. Eram  jogos, comics, comida gordurosa, e outras coisas que fariam qualquer mãe dar uma bronca nele por irresponsabilidade. Mas ele precisava de um refrigerante de uva, e precisava agora.
Foi para a maquina de refrigerante mais próxima – que não era tão próxima assim, mas em relação a todas as maquinas de refrigerante que tinham no mundo, essa era a mais próxima, a quase um quilometro dali. Carona, andar 700 metros, chegar à esquina que tinha a gloriosa maquina de refrigerante mais barata por ali. A empresa só tinha aquela maquina de refrigerante ali, então eles não encontravam necessidade de ter preços altos já muita gente comprava regularmente naquela maquina. Kevin não precisava ir até lá apenas pelo refrigerante para se manter são na infernal Segunda. Se ele não tivesse motivo para ir até lá ele arrumava dinheiro e comprava em um lugar mais perto. Mas hoje ele precisava ir até o centro da cidade. Ele não sabia bem por que, mas tinha um motivo bom para ele ir para lá, e não era o refrigerante.
Ele está de frente para a gloriosa maquina de refrigerante. Estava desgastada nos cantos, mas ainda mantinha sua pintura forte no resto da superfície de plástico e metal. Kevin procura calmamente pelo refrigerante. Perfeito. Tinha um. Agora ele pega seu dinheiro contado e insere parte na maquina. Ele inseriu apenas parte do dinheiro, pois ele parou ao olhar para o preço. Ele se lembra de quanto tem. Lembra-se do valor anterior. Lembra-se do valor atual.
Ele endireita suas costas vagarosamente, e inclina sua cabeça para a direita.
À direita dele, a alguns metros, está o rio que ia para outra cidade ali pela Colúmbia Britânica. O ar frio, o inverno que prometia fazer poças perto do meio fio apenas para os caminhões e ônibus passassem por cima apenas para te encharcar, as manhãs congelantes e o ar de cor cinzenta com um leve tom azulado. O ar passava calmo e era exatamente isso que Kevin tentava ficar. Mas o aumento do preço não deixou. Sem falar que nessa hora, todo o comercio da cidade fechou devido a um pequeno festival. Adeus refrigerante.
Ele olha para cima, e pergunta:

– Por quê?
Mas logo ouve uma resposta, digamos assim, não tanto satisfatória.
– Por que é assim que as coisas não são.
– Hã?

Kevin olha para trás. Logo conclui com sua memoria conturbada quem era essa pessoa.
– Ah, é você Trenton.
–Jesus que não ia ser né?
– Tá, tá, entendi – fala Kevin, e depois pensa um pouco – Hum... Como assim as coisas não são?
– As coisas nunca são o que parecem ser, portanto elas nunca são assim.

Kevin arruma tempo para pensar, concluiu que não entendeu nada, mas prossegue.
– Então baseando-se nisso – fala Kevin – você afirma que o por que de eu estar sofrendo é por que as coisas nunca são o que parecem ser?
– É por aí.
– Ah, claro.
“Claro que não entendi nada” pensa Kevin.
– Só que não – prossegue Trenton – eu só falei algo sem sentido para aliviar esse seu... ahm... Sua maldição da segunda! É, era isso.
– Não, você não ajudou em nada – responde Kevin, seco.
– Então está tudo bem. O que tá fazendo aqui?
– Só me remoendo pelo meu azar semanal, e você?
– Deu vontade de vir para cá, logo eu vim.
– Entendo.
Há um silencio – que não era tão silencioso já que tinha o barulho do vento junto com um som de musica vindo da praça da cidade. Kevin tem uma ideia.
– Ei, você tem dinheiro pra me emprestar?!
– Sei lá, me deixa ver.

Procura nos bolsos, na mochila, no casaco, dentro do compartimento de baterias do celular, dentro da lanterna, e finalmente acha algum dinheiro dentro do cartucho onde tinha pontas de grafite para lapiseiras 0,7mm.
– Tá aqui.

Kevin pega a cédula. Um C$. Ele recupera sua autoconfiança. Mas em seguida olha para Trenton.
– Você não precisa levar essa tralha toda pra todo lugar onde você vai.
– Não, não preciso mesmo. Todo dia eu penso quando estou com essa mochila em algum lugar fora de casa: “Hoje quando eu chegar em casa vou me livrar dessas coisas, preciso tirar isso logo”. Aí você fala: “Aposto que você esquece da existência da mochila quando chega em casa”, mas não, é preguiça mesmo.
– Cara, você não leva tralhas na mochila, você leva tudo no bolso.

Trenton para. Olha para si mesmo. Faz uma cara que diz claramente: “Realmente, você tem razão, mas não admitirei minha derrota em nome do meu orgulho negativo!”.
– Ah, dá na mesma!
– Uma coisa é esquecer-se de arrumar a mochila, outra é esquecer da existência desse meio mundo de coisa que você leva dentro do bolso, que deve incomodar bastante durante o dia.
– Há!!! Eu tenho preguiça, eu não esqueço! Portanto estamos empatados!
– Ok, você tem um quarter* aí?
– Procura aí na mochila.

Trenton coloca a mochila nas mãos de Kevin e vai apreciar a luminosidade da maquina de refrigerante. Kevin abre a mochila, e se assusta: é bem arrumada. Uns livros, um bloquinho de notas, entre outras coisas de estudante. E uma chave de fenda. “Por essa eu não esperava” pensa Kevin com sua autoconfiança restaurada recentemente que em segundos será aniquilada. Após procurar, acha algumas moedas, ele começa a somar rápido em sua cabeça e vê que dá para comprar o refrigerante.
– Háhá!!
Ele vira para a maquina – que recentemente ganhou o apelido de Pluto, por alguém desenhar um cachorro amarelo na maquina semana passada. Insere o dinheiro, e clica no botão onde ele se lembra de onde estava o refrigerante precioso. Ele não está mais lá. Kevin entra em pânico. Olha para o lado. Vê Trenton terminando de beber uma lata de refrigerante roxa. Ele amassa, e joga a lata na inocente lixeira que estava do lado.
– E então? Bora voltar para o campus?


Trenton Finley. Amigo de Kevin. Está na mesma faculdade que Kevin e é amigo dele à 7 anos. Tudo começou com um barulho de anel.
Pling.
Foi um barulho de um sistema de som de dez canais de áudio com uma memoria de processamento de 8 kbytes, que era emulado em um console de saída de áudio estéreo, que era pequeno e escuro. Era um PSP um pouco velho e desgastado que Kevin tinha, e o jogo em questão foi jogado no primeiro ano no ensino médio. O jogo era um emulador, que estava processando um jogo de 94 cujo som mais ouvido do jogo era Pling. Finley tinha chegado nesse colégio faz 30 minutos e procurava algo para se entreter. E de fato, achou. O Pling chamou atenção de Trenton. Ele se interessou pelo PSP preto de Kevin. Não que fosse algo impressionante, mas era meio incomum. E perigoso. O inspetor era um senhor cauteloso e frio na hora de confiscar coisas dos alunos. Trenton olha melhor e vê o jogo emulado.
– É Sonic and Knuckles ou Sonic 3 and Knuckles?
Era Sonic 3 and Knuckles, mas havia a possibilidade de ser apenas Sonic and Knuckles, já que estava na fase Mushroom Hill Zone Act 2.
– Hum, não, é o SK mesmo – responde Kevin.
– Eu prefiro as musicas desse, mas gosto de todas as fases do 3 e Knuckles juntas.
– Nome? – pergunta Trenton derrepente.
– Kevin.
– E eu?
Kevin pausa  jogo, olha para Trenton, e finalmente pergunta.
– O quê?
– Trenton. Prazer.
Começou assim.
Isso foi há sete anos. Trenton só está ali para abusar Kevin, pelo fato de um dia Kevin falar algo depressivo apenas para parecer solitário e um pouco legal (e pra lhe deixarem em paz), e o que ele disse foi que ele sempre teve um amigo por ano e todo fim de ano ele nunca mais o encontrava e nem tentava fazer contato depois. Apenas para abusá-lo, Trenton continua junto dele.
Ele sabia como se comportar com Kevin durante as segundas. Ser o mais incompreensível possível. Desse jeito, as coisas ficam mais fáceis para os dois. Normalmente era uma pessoa comum com uma imaginação estranha. Hábitos estranhos, ele só tinha um digno de ser mencionado: falar coisas estranhas na segunda. Ninguém além de Kevin nunca compreendeu o porquê disso, e nem queriam saber.
Trenton tinha uma estatura média, cabelo castanho escuro desarrumado (provavelmente ele não sabia da existência do pente ou da escova), dificilmente o olhar dele era sério, e era viciado em comida gordurosa (mas como nem sempre ele tinha dinheiro pra comprar esse tipo de coisa, ele só compra/come isso uma vez por semana, e por isso ainda não ficou gordo), e era sensato e calmo, é claro, menos nas segundas. Nas segundas ele era completamente insano. Mas neste dia ele estava estranhamente calmo.

No momento atual, os dois estavam voltando para o campus.
– Eu te odeio.
– Você sempre fala isso – responde Trenton.
– Só estou te lembrando.
– Pelo menos nas segundas – fala Trenton novamente, mas dessa vez olhando para cima – você diz isso.
– Eu...
– Você... – interrompe.
– Ah... Eu odeio...
– Sim, você odeia as segundas – fala Trenton – porque insiste em continuar a falar isso?
– Por que eu as odeio.
– Todos odeiam.
– Mas eu odeio mais.
– Não, tem uma dimensão alternativa em que você odeia segundas tanto que chegou a retirá-las do calendário cristão – fala uma voz repentinamente do lado.
– Eu tenho certeza que odeio mais do que esse eu da outra dimensão – responde Kevin de volta, zangado – aliás, quem é você?
– Jack.
– Ah – fala Trenton – Não me diga que... Seu sobrenome é...
– Exato, é Eta – fala o tal Jack.
– Eta? – pergunta Kevin – Não entendi, o que é Eta?
– Jacketa – responde Trenton.
– Ah – fala Kevin, que depois pensa um pouco, e fala – Você conseguiu, Trenton.
– O quê? Consegui uma medalha?
– Estou indo embora, continuem sua conversa aí, seus loucos.
Kevin vai em direção à passarela mais próxima para se jogar. Por sorte – ou azar – tinha uma dessas perto da esquina onde Trenton bebeu o refrigerante que Kevin queria tomar. Kevin não pretendia realmente pular, mas sua paciência acabou – e seu dinheiro também, provavelmente vai comer macarrão instantâneo pelos próximos meses –, e ele esperava que Trenton ou então esse outro indivíduo chamado Jack (que descreveremos depois) o segurassem tentando impedir o suicídio dele, e desse jeito, Kevin usar seus argumentos semi-instruturados para assim, fazer os outros dois ficar de saco cheio e decidir comprar um refrigerante para ele.
Ele esperava que os outros dois fizessem isso.
Ele chega à pequena passarela que havia ali por perto.
– Adeus mundo!
– Espera, tenho uma oferta! – grita Jack.
Kevin para o que estava fazendo – que no momento era subir na borda da passarela.
– Como assim? Um seguro de vida ou algo assim? – pergunta Kevin, incisivo – Não obrigado.
Kevin no momento achava que as coisas estavam ocorrendo como ele queria. Alguém teria de comprar um refrigerante para ele. Que não seja diet (principalmente porque é mais caro).
– Não é que... – Jack para, pensa, olha para cima, tenta arranjar um argumento, logo vê que Kevin vai se jogar e continua desesperadamente – O universo... Bem... Acho que... Éééééhhh... Ele precisa de você! É! Acho... Que foi isso que eu quis dizer...
– Não entendi. Pra falar a verdade – fala Kevin –não estou entendendo nada hoje. O que o universo tem a ver? É um discurso sobre a vida e a importância dela ou algo assim?
– Não, ela é bem inútil mesmo. A vida serve para nos levar a morte.
– Ah.
Trenton continuava assistindo a cena, rindo por dentro, e segurando-se para não tentar se jogar da passarela para ver se ganha um beijo de uma garota bem intencionada que desejaria salvá-lo. Ele achava a cena hilária, e sentia vergonha ao mesmo tempo, com todas as pessoas da rua olhando para eles, sentia vergonha como se fosse com ele.
– Não é exatamente isso... É difícil explicar nas circunstancias atuais... E não que o universo precise necessariamente de você – e claro que não é esse universo – tem outras pessoas capazes, mas, bem...
Jack tentava continuar.
– Você é capaz de algo, não desperdice sua vida – Jack prossegue, finalmente sabendo o que fazer, continua de novo – Sabe, ter esse negocio de vida não pra qualquer um, sabe? Objetos que o digam. Menos o isqueiro, isso é conhecimento geral.
– Bem, ainda não ente-
Vapt.

O barulho acima foi causado pelo acumulo de gelo na borda da passarela onde Kevin fingia que iria pular – que resultou em outra coisa. Mas chegaremos nessa parte.

Na rede do espaço-tempo é possível fazer um “rasgo” nela. Seria o ato de ir (mas no caso é criar outra, você nunca “vai” para outra realidade) para outra dimensão (mas o nome apropriado – e mais bonito – é realidade), ou então viajar no tempo, que inclui o ato de viajar entre (criar) realidades. É uma arte bem bonita de se ver, se for você que cria a realidade. É uma proeza que poucos no universo (estranhamente na maioria dos universos tem sete indivíduos e dois objetos que conseguem viajar dimensionalmente) conseguem. Para criar outra dimensão é preciso apenas o conhecimento da coisa. Ao saber imediatamente você consegue fazer. O problema é como se faz isso. É bem difícil. Você precisa de alguém que seja um agente do HUB – o que será explicado posteriormente – e que essa pessoa (ou objeto) seja muito generoso(a) o suficiente para lhe ensinar a arte de viajar entre as LHs.
LHs é o nome que (na maioria dos universos) se dá para as realidades – sejam elas congruentes, semiparalelas, em um eixo de 3,1415926525 graus em um plano tangencial de fator recursivo ou aquelas realidades que não gostam muito das outras e preferem se relacionar apenas com uma. O porquê de darem esse nome, as pessoas/objetos já esqueceram há tempos. As letras nunca mudam. O que determina a realidade em questão são os números. Podem ter argumentos para especificar qual a direção do tempo (algo bem fútil para se ter em uma realidade), determinação do espaço (outra coisa frívola), entre outras coisas. Dependendo da incomplexidade da realidade, o nome dela pode ficar maior, indo desde L3H até L436¬1/’53*2∫3H. Para representar um grupo de LHs usa-se GL(numero)H. Um grupo de realidades é justamente o que diz o nome, são realidades que têm pontos em comum (e incomum também) que são representados pelos números.
O método de fazer alguém/algo aprender a viajar entre LHs é o seguinte:

Vá a uma das realidades das zonas da GL6%–3¢D:&13H que as realidades do conjunto contem as características de se mover livremente entre três dimensões, se movimentar em linha reta em uma quarta, o índice de alma ser “infeliz” e “cheio de problemas”, e mais outras 13 . Vai para a galáxia a 2062 Gigaparsecs da origem nuclear referente ao L∞H – realidade matriz –, depois se informe sobre o sistema de medição de setores galácticos da região. De qualquer forma, vá para o braço mais longo da galáxia, depois siga para o braço ao lado que tem um corte, vá para a segunda parte, depois procure uma estrela amarela, e vá para o terceiro planeta da orbita da estrela. Chegando lá, abuse dos seres atrasados lá, depois procure se divertir na galáxia enfrentando perigos de qualquer ser normal desse universo. Depois procure alguém que exista de forma proporcional ao eixo de probabilidade em relação ao L∞H. Fale com ela. Automaticamente a propriedade de coincidência, probabilidade, azar, memoria copiada em neutrinos que se reúnem no corpo da pessoa que você conversou, desse universo vai agir. A memoria de como fazer isso automaticamente é colocada no cérebro na pessoa. Tem como objetos conseguirem aprender também, mas cuidado, ao adquirirem consciência eles começam a exigir muita coisa. Quanto o processo de ir até o planeta Terra e abusar humanos é desnecessário, mas uma coisa divertida de fazer. Resumindo: Para você aprender a viajar entre LHs você precisa que um viajante de LHs fale com você.

E um fato aleatório que será inserido no contexto agora é: se uma coisa tem chance de dar errado, ela dará, da pior maneira possível, no pior momento, e de maneira que cause maior dano possível. Trenton sabia disso. Ele apostou que Kevin ia escorregar acidentalmente naquela hora. Isso tinha de acontecer, pois era uma das leis da física (que por sinal eram chatas e restritivas) do universo onde eles estavam.

Quando se diz: “Construí uma maquina que me leva a outras dimensões”, está certo, mas ao mesmo tempo inefável. A causa da maquina poder te levar a outras dimensões é resultado de uma viajem memorial sensorial gravada em neutrinos que viajaram Teraparsecs (termo inventado agora) e coincidentemente alcançaram a maquina – isso acontece apenas com objetos sem alma, caso isso atinja um ser com alma, o individuo interpretará isso como um sonho ou pensamento estranho, ou algo com que ele possa compreender. Objetos conseguem aceitar essas memorias porque eles percebem tudo, veem o universo infinitamente em plano sensorial de forma pequena.
O mais legal de saber viajar entre LHs é o teleporte – opinião dos campeões das olimpíadas de corrida interdimensional (que está sendo profundamente proibida pelos danos legais a realidades). Não se sabe bem como se faz isso, já que o viajante de LHs sabe o que fazer por puro instinto. Mas físicos respeitados creem que seus átomos se separem em partes ainda menores e vão a uma velocidade que daria inveja ao Goku, indo assim, ao ponto desejado. Simples assim.
Mas agora voltando ao momento atual.

Kevin fala.
– Bem, ainda não ente-
Vapt.
“Droga” pensa ele “Que desperdício”.
Ele cai após o escorregão. Coincidentemente uma rachadura na rede do espaço-tempo ocorreu em um bilionésimo de milissegundo bem abaixo dele. Ela fechou depois do bilionésimo de milissegundo, e não estava com vontade de fazer algo.
– Ah! Claro! Como não pensei nisso?! – fala Jack.
Kevin estava de volta na passarela.
– Huh?
– Muito louco isso Jack – fala Trenton – Como fez essa parada de teletransportar?
– Eu não sei.
– Sério?
– É que eu aprendi... Bem... Não sei exatamente... – fala Jack, pensativo – eu já sei por instinto.
– Ei, o que diabos aconteceu aqui? – pergunta Kevin.
– Eu também não sei, mas explico o que eu não sei no caminho – responde Jack.
– Interessante – fala Trenton – vou também?
– Não sei – responde Jack – você quer ir?
– Não – responde ele rapidamente.
– Então está tudo bem, não?
– Mas se Kevin vai com você, eu vou também – fala Trenton – Alguém precisa abusar Kevin.
– Ei, espera, o que eu tenho a ver com isso mesmo?
Trenton vira para Kevin.
– Ele falou que ia nos dizer no caminho.
Kevin trava. Pensa que se hoje não fosse segunda isso não estaria acontecendo. Começa a culpar o calendário cristão por ter a segunda. Começa a culpar Deus por ter feito o mundo em sete dias, para depois seus seguidores fieis fizessem o segundo dia da semana como segunda. Depois percebe que Deus não tem culpa de nada por que ele não poderia saber se a segunda-feira poderia ser tão ruim. Agora percebe que a culpa era mesmo de si mesmo, e consegue assimilar a situação.
“É o jeito” pensa Kevin “Tenho que seguir com o fluxo”.
– Bah, não tenho nada pra fazer mesmo, vou com você, ah... – fala Kevin – Jack?
– Sim.
– Tá, ok, vamos nessa – fala Kevin enquanto começa a andar para uma direção (ele não sabia se era a certa, mas tinha de tomar uma atitude diante daquilo), e depois para e olha para Jack – Como você me salvou da queda?
– Hã?
– Eu estava caindo, aí de repente senti algo no ar embaixo de mim e depois estou aqui de volta na passarela. Foi você que fez?
– Sim.
– Bom, não estou a fim de saber como ou por que, mas vamos embora.
Jack anda em direção ao centro da cidade.
– Você... – fala Jack subitamente depois.
– Eu... – responde Kevin, agora ele estava mais calmo e conseguia ignorar a existência da segunda, e provavelmente tudo passaria a dar certo.
– Disse que sentiu algo antes de se transportar para a passarela, certo?
– Foi.
– Se você percebeu – fala Jack tentando, com sucesso, fazer uma voz promissora – Então você é mesmo o cara certo.
– Eu sempre pensei que eu fosse o cara errado.
– Apenas nas segundas – fala Trenton.
Eles andam em direção à praça.

O que aconteceu na passarela foi um uso irresponsável da criação de realidades por parte de Jack – qual descreveremos mais tarde, o único fato importante no momento é que ele usa óculos. Depois que Kevin caiu Jack impediu que Kevin se estatelasse no chão abaixo da passarela. Não há como explicar como ele fez isso, e também não tem como descrever a forma do acontecimento, já que descobriram recentemente que buracos negros não são negros e que eles não têm forma, o que abalou o psicológico dos físicos menos respeitados pelo Instituto de Analise do Espaço-tempo (uma dos menos prósperos institutos que tinha influencia em mais de 800 realidades de três GLHs diferentes, mais conhecido por IAÊ), pois eles achavam que o buraco negro era verde e era esférico enquanto os físicos mais respeitados fundamentavam a inexistência dos buracos negros. Quem descobriu a in-forma e a in-cor dos buracos negros foi o desconhecido e desinformado publicitário disfarçado de físico para acalmar a população questionadora sobre a vida, John Belt. É de conhecimento geral que a maioria das pessoas não saibam nada sobre pessoas que sabem de tudo. E que a sentença anterior tem pleonasmo.
Existem várias civilizações que conseguiram sobreviver até a descoberta da viajem entre LHs, e que agora estão lucrando com a venda de passagens para dimensões relaxantes, onde existem vários planetas desabitados. Os mais espertos se viram construindo essas realidades por si próprios e somem para sempre, já que o negocio de venda de passagens para LHs da preferencia do cliente não seja amplo, e que pra cada realidade, na maioria, apenas 7 pessoas e dois objetos conseguem criar realidades.
– Pronto, praticamente chegamos.
– É aqui – fala Kevin entusiasmado, porem sua próxima fala diz o contrario – a praça da cidade... É...
Kevin vira pra Jack.
– Por que nos trouxe aqui? – pergunta Kevin – Eu odeio festas como essa.
De fato estava ocorrendo um festival na praça. Era a praça principal da cidade, e havia sido reformada recentemente. O período da reforma foi de 6 meses, e a única coisa que mudou foi a pintura e as luzes, e isso foi feito com um dinheiro imenso dos impostos. Ela não era nada comparada a praça da cidade vizinha. A praça da cidade vizinha era quase duas vezes maior, custou 4 vezes menos caro, e era de fato muito mais bonita do que a praça principal da cidade de Kevin, e as modificações da reforma da praça da cidade vizinha foi troca de lâmpadas, reforma da fonte, e outras 10 coisas uteis. Eles fazem a reforma da praça uma vez por ano, enquanto da praça onde Kevin, Trenton, Jack e Ielene estavam, faziam a cada seis anos. Não que a individua Ielene tivesse importância, era apenas uma pessoa aleatória que estava obviamente na praça, e de que ela veio da França. Se tinha outra pessoa a citar com a devida importância e que estivesse na praça, o nome seria Abbie. O festival que estava ocorrendo na praça principal da cidade estava movimentado. Kevin, Jack e Trenton estavam indo para a rua à direita da praça. Tinha uma nave em formato de camaleão lá.
Jack usava um terno marrom que ele nunca fechava, seu cabelo é ruivo rubro espetado e se encurvava horizontalmente à medida que descia, usa óculos, calça comum, e a única coisa estranha são seus sapatos. Seu olhar dizia claramente: “Tenho uma missão a cumprir e estou feliz com isso!”, e a missão parecia complicada. A forma de andar dele lembrava a de um adolescente que se achava cool, mas não era. Ele andava com a mão no bolso do terno (que ele fez questão de alterar colocando esses bolsos grandes no terno) e o olhar era sempre para frente.

Logo os quatro estão na rua direita da praça – se você ver do ponto de vista do pequeno monumento desgastado no inicio da praça.
– É aqui – fala Jack, que em seguida para.
– Aqui? – fala uma voz feminina.
Trenton vira pra garota e fala.
– Sim, é aqui – que depois aponta para Jack – Pelo menos é o que esse camarada diz.
– Interessante, parece – fala Jack – que nessa realidade um monte de coisa acontece nesse planeta.
– Sério? – fala Kevin de forma surpresa – Eu sempre pensei que esse planeta não acontece nada de interessante, e que os alienígenas devem se divertir pra caramba.
– Aqui o pessoal da Terra pensa desse jeito? – fala Jack – Ah, tanto faz, o legal é que encontrei outra pessoa/entidade/objeto capaz como vocês aqui.
– Eu?
– Exato, você está nessa rua, de frente da nave por que você a achou o exterior dessa coisa calmo e quer relaxar certo?
– Sim.
– Não entendi – fala Kevin – pode fazer o favor de explicar?
– Ah, claro– fala Jack apontando para a nave em formato de camaleão – como você vê isso?
– Com os olhos, ora.
– Não, erm... O que você vê? –  diz Jack apontando para a nave.
– Eu vejo uma nave em um formato que me lembra vagamente um camaleão, por quê?
Jack olha para Trenton.
– E você, ahn...
– Trenton.
– Ah – fala Jack – esse é seu nome. Olhe para isso, o que você vê?
– Um nyan cat – responde Trenton – Nada demais.
Jack vira para a garota.
– Quem ser você – pergunta Jack – e o que você vê?
– Abbie – fala ela – e... (nyan cat?) vejo um tanque de guerra.
Jack olha para Kevin.
– Kevin, entende? – pergunta ele – Isso foi feito por mim apenas para atrair pessoas como vocês. Essa nave consegue fazer ilusões, assim, tomando a forma que mais acalma a pessoa que olhar para ela. Então fica fácil camufla-la, já que coisas que te acalmam acabam não chamando atenção, e se a pessoa estiver tendo um dia ruim, ao olhar para a nave, ele vai ignora-la, achando que é uma armadilha para tornar o dia pior ainda. Eu estou procurando pessoas como vocês para... Bem, explico isso depois, mas essa nave facilita a procura de vocês, já que vocês tem uma característica especial, e se olharem para a nave, vão imediatamente querer ver ela de perto.
– Genial – fala Trenton – E seu nome é qual mesmo?
– Abbie.
– Você é linda. Case comigo.
– Não, obrigada.
– Ok, eu tentei, sua vez Kevin.
– Por quê? – pergunta Kevin de forma incisiva.
– Eu falhei na minha honrada missão, você deve ficar, prevalecer, e lutar pelo meu orgulho furado.
Kevin se irrita.
– Me diga três motivos – diz Kevin perdendo a paciência – três motivos para que eu faça isso, se me convencer eu faço.
“Rá” pensa Kevin “Quero ver ele conseguir...”
– Não temos tempo pra isso – interrompe Jack – Não, pera, temos tempo sim, o tempo é relativo aqui né? Ok, estarei esperando dentro da nave. Ou caixa, laranja, tanque de guerra, camaleão, o que for.
– Vai nessa – fala Trenton, que depois olha para Kevin – três motivos?
Trenton faz um olhar de determinação, algo que não combina com a cara dele.
– 1: Estou pedindo um favor como amigo. B: Você devia namorar ou casar, seja lá o que for, já está na idade.
– Pera, essa segunda ou B... – interrompe Kevin.
– Me deixa terminar! – branda Trenton – Bronze: É legal perturbar os outros, me ajude a fazer isso com você.
Abbie apenas olha para os dois, achando graça, e esperava no que isso ia dar enquanto se preocupava para onde eles iam ir.
– Ok, não me convenceu, vamos – fala Kevin que logo depois olha de volta para Trenton – Alias, escolha um método de numeração!
– Pera – fala Trenton – Ela vai com a gente?
– Sei lá – responde Kevin – Pergunta ai.
– Você vai com a gente? – pergunta Trenton a Abbie.
– Depende – responde ela – Pra onde nós vamos?
Trenton para pra pensar.
– Não é só isso – fala ele de forma pensativa – tem a questão do “quando” também. Ele tinha falado um troço sobre realidades enquanto Kevin andava em direção à passarela.
– Ah – fala Kevin – Aquela coisa de relatividade que você tem estudado ultimamente? Bem complicado aquilo.
– Se a física desse planeta estiver certa né – responde Trenton – ele vem de outra realidade, pode ser até de outro planeta, lá eles devem saber mais sobre o espaço-tempo e a parada toda. Mas acho que vamos pra outra dimensão ou algo assim.
– Acho – fala Kevin – que o nome que se dá pra isso é LH.

De fato, isso foi um chute certeiro. O porquê de Kevin ter chutado esse nome é que ele pensou na palavra “Layer” e “Heart”. Layer porque ele achava que as realidades estavam arrumadas como camadas de um átomo, e Heart por que era um nome bonito de se dizer e que ele fundamentava que sem as Layers, o Universo Multi-dimensional desmoronaria, era a base e o centro (apesar do nome) da formação do Universo Multi-dimensional.

– Sério? LH? Tá, eu aposto – fala Trenton de volta em modo sarcástico – que isso tá certo...
Trenton volta seu olhar para Abbie. Abbie tinha estatura média, idade em torno dos 20 anos, cabelos variando de loiro para castanho escuro, e olhar de preocupação.
– Não sabemos para onde/quando vamos.
– Ah, claro – responde ela.
Ela olha para a praça. Seus olhos parecem procurar alguém.
– É que...
– Ah, você está ai, Abbie – fala uma voz masculina do lado.
– Ahn, oi pai – responde ela de forma um pouco travada.
O tal pai da Abbie olha para Kevin e Trenton.
– Oi rapazes, como vão? – fala ele estendendo a mão para, obviamente, um aperto de mão, o que ele conseguiu com sucesso; o fato de ele ter falado com eles como os conhece-se há tempos era pra não envergonhar a filha.
– Oi – falam os dois ao mesmo tempo.
O pai dirige o olhar à filha.
– Bem, falta... – fala ele, depois olhando para o relógio – Falta uma hora.
– Eu sei – responde Abbie.
– Uma hora – continua o pai – para ela chegar.
Ele olha de volta para a praça.
– Você... – ele volta a olhar para ela – Vai dar uma volta com seus amigos?
– Não, eu... – ela responde enquanto esvazia a voz.
Ela pensa o quanto seria importante pra ela. E pensa na oportunidade de ir com eles no tanque de guerra. Ela sentia que devia ir – o que provavelmente é o que o instinto dela de agente do HUB está dizendo. Ela olha de soslaio para Kevin enquanto fala.
– Eu posso voltar... Daqui a 40 minutos, não posso?
Ele percebe.
– É, ela volta daqui a quarenta minutos – fala Kevin.
– Então está tudo bem – fala o pai – Quarenta minutos. No lado do monumento da praça. Eu sei que isso é importante pra você. Vai com eles. Eu espero.
– Tudo bem, eu prometo. Vou estar lá.
– Ok, tchau.
– Tchau pai.
Ele anda em direção à praça e se mistura a multidão. Ele vai pro mesmo lugar que Ielene ia.
– Nós vamos mesmo voltar pra cá em 40 minutos? – pergunta Trenton – Dá pra fazer isso?
– Jack disse que tínhamos todo o tempo – responde Kevin – Provavelmente iremos para outra dimensão, então podemos voltar para essa dimensão no tempo de 40 minutos depois dela falar com o pai.
– Ah é – fala Trenton – Havia esquecido dessa possibilidade, pra gente vai ser mais tempo, mas aqui vai ser 40 minutos... Interessante esse negocio de dimensões.
– Pois é, vamos lá.

Eles entram na nave.

Na praça, dois minutos depois, no monumento velho e desgastado, um ex-soldado estava lá. Ele estava sentado no banco pensando sobre a vida. Uma mulher chega nesse lugar e senta ao lado dele. Logo depois ele olha para o lado e reconhece a mulher.
– Está uma hora adiantada – fala ele – Ielene.
– É, eu sei que você marcou mais tarde, mas o taxista se negou a pegar o caminho mais lento. Daí eu fiquei passeando pelo canto da praça, ai cansei e resolvi procurar vocês.
– Quando eu peço o caminho mais rápido eles dão voltas na rua.
– Bah, normal.
Fica apenas o barulho do movimento do movimento do pessoal da praça com o festival.
– E ela? – fala a mulher.
– Chega em 40 minutos – responde ele – Acho que ela vai retornar até mais cedo, preocupada.
– Huff, ela mudou...
– Desde o divorcio entre eu e você, claro que ela iria mudar.
– O que – pergunta ela, ignorando o comentário anterior – ela queria conversar?
Ele olha para a mulher, ou melhor, vamos chamar do que ela é dele, ex-mulher.
– Sabe – continua ela – eu estava passando por aqui a negócios, mas ela insistiu em me ver.
– Crianças têm saudades. Não importa o quanto cresçam, os filhos que amam os pais – fala ele, de forma distante – sentem saudades dos pais.
– Ela que insistiu em ficar com você quando ela era criança. Mas você não você não respondeu minha pergunta.
– O futuro. Ela quer cursar na França.
– Hã? Ela quer morar comigo?
– É.
– Tá, ok, mas devo avisar que não ensinarei a ela francês.
– Como esperado de você – diz ele, rindo.


“16h53min, 12/07/2010” Pensa Abbie, anotando isso no papel.
Logo depois ela guarda no bolso da calça, ela achou que não podia confiar no buraco negro que ela chamava de bolsa.
– Bem pequeno isso aqui – fala Kevin.
– Ah, foi mal – fala Jack – é que se ficar muito grande não dá pra nave ficar “invisível”.
– Bom, pra onde/quando vamos? – pergunta Trenton, animado.
– Falta o porquê também.
– Tá bom – responde Trenton – Pra onde/quando/porque vamos?
– Decidiremos isso agora, venham todos aqui.
A nave, caixa, nyan cat, tanque de guerra, nave em forma de camaleão, seja lá como você chamar, era ligeiramente menor do que uma pessoa da terra esperaria. Na imaginação de pessoas da terra na idade contemporânea, naves espaciais de outros planetas (ou realidades, nesse caso) são grandes, tem chamas azuis, design aerodinâmico, e tem suprimentos quase ilimitados e disponíveis para comer no espaço. A “nave” onde eles estavam tinha apenas um banco longo e semicircular, parede oca com algumas telas penduradas e um computador para entretenimento. A “nave” nem sequer tinha motor. A movimentação era baseada no objeto “nave”. Era um objeto que adquiriu consciência e agora leva Jack para qualquer lugar. Era um objeto agente do HUB, e sua classificação seria no grupo de três primeiras dimensões. A nave consegue viajar apenas no “onde”. Ela se movimenta no espaço apenas. O modo de como ela viaja entre LHs é colocando em seu cérebro não-existente as coordenadas onde se posiciona uma rachadura do tempo-espaço. As coordenadas do universo no quesito “espaço” estão em constante mudança, e a origem delas vem de fora para dentro. Como o universo vai se expandindo constantemente, e não tem forma, o canto de onde até o universo se autoformou é a origem. Ela está em constante em mudança, e em consequência, as coordenadas universais do espaço também. O lugar onde as rachaduras de espaço-tempo aparecem é nas coordenadas formadas totalmente de números irracionais, ou então infinitos. Exemplo: Vou pra coordenada π,∞,√3. Lá você acha uma rachadura e vai para um lugar aleatório dos universos.
Poucas vezes a nave é usada por Jack, e ela gosta de ficar quieta.

– Muito bem, sentem aqui.
Eles sentam no banco longo e semicircular.
– Ok –diz Jack no centro – agora vou dizer a classificação de vocês.
– Classificação?
– É, esperem pra ver – responde Jack, que logo depois vira para Trenton – Você é classificação 2 e 3 ainda.
Ele olha para Abbie.
– Você é 1 e 3 – fala ele, que depois prossegue com uma voz desapontada – Pois é... Vocês vão evoluir mais tarde...
Ele olha para Kevin.
– Nossa – fala Jack, surpreso – classificação 4.
– Isso é ruim? – pergunta Kevin – Seja lá o que for...
– Não, é bem útil até.
– Pensem todos em um numero – fala Jack depois.
– Pode letra? – pergunta Trenton.
– Sim – responde Jack – todos já pensaram?
– Já – todos falam.
– Vou definir a área de transporte e probabilidade – fala Jack – Temos que encontrar no mínimo mais 3 de pessoas como vocês para continuar com o plano.
– Agora pensem de novo – continua ele.

Ouve uma ausência de barulho, espaço, tempo, sentido, energia, etc.
A nave enquanto viaja pelo tecido Multidimensional com aquelas pessoas dentro dela começa a elaborar uma petição para exigir ao governo o direito de cidadania.





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*quater - Equivalente a 25 centavos canadenses.

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