Por hoje é só. Amanha, no mesmo horário, vem capitulo 2.
Quanto ao numero de paginas, eu disse 20, mas acho que vai só 16, mais do que isso não dá.
Dimensão 1 – O que é|O que deixa de ser
O sonho era bem
simples, mas incompreensível para pessoas que não entendessem de física
quântica até o nível de deus avançado – ou seja, nenhuma, e se algum humano
entendesse disso, ele poderia deduzir na hora o porquê de aquilo ter acontecido
e logo depois descontaria suas frustrações em um Big Mac (ou pode ser um
sanduiche de outra loja, depende do humano).
O rapaz retorna sua
consciência. O sonho acabou de começar.
Ele, como qualquer
pessoa faria impulsivamente em um sonho, começa a olhar e analisar onde está e
o que deve fazer.
Ele percebe que tem
uma luz no que poderia ser chamado de horizonte. Poderia. Mas o cenário ao redor dele, segundo a visão dele, era
vazio.
Ele decide olhar ao
redor, além da luz.
Percebe que na
verdade está tudo claro. Nesse momento ele para pra pensar e retorna o olhar
para a suposta luz no suposto horizonte.
Era uma fonte de
escuridão.
Ele poderia ter
certeza que momentos atrás, estava escuro, e aquilo era uma luz. Ele confiava
em seus olhos. Agora começa a desconfiar de todos os sentidos do corpo e o
corpo em si, pois ele percebe que na verdade, ele estava de olhos fechados.
Em vez de se
perguntar onde está e o que deve fazer, ele começa a perguntar a si mesmo se
realmente ele estava em algum lugar e se o senso de dever é importante agora.
Ele abre seus
olhos.
Mas não tem nada.
Não tem escuridão, nem claridade – físicos respeitados diriam que algo assim
estaria dentro de um buraco negro, o que não só está errado, como completamente
confuso, já que é “fora” dos buracos negros, e não dentro, e “fora” dos buracos
negros está o interior, e dentro está o resto do universo.
O nada vem a mente
das pessoas como a escuridão completa ou claridade completa, e algumas chegaram
a conclusão de que realmente o nada é cinza. A melhor maneira de descrever esse
nada onde o rapaz estava seria imaginando um lugar onde você pegue uma gota
d’água bem incolor e o cenário não refletisse na gota, fazendo um incolor
verdadeiro. A cor da gota seria a cor do cenário vazio onde o rapaz estava
nesse estranho sonho.
Mas esse
questionamento dele foi interrompido por uma voz.
– Por que você?
Ele olha para o
nada da direita, seguido pela esquerda e depois para baixo e esqueceu-se de
olhar para cima.
– Por que eu o que?
– fala o rapaz com estrema indignação e duvida.
Ouve um silencio
aparentemente impenetrável. Até um relógio mudar isso.
Beep. Beep. Beep. Beep. Beep. Beep. Beep. Beep. Beep.
Beep. Click.
O barulho que o
relógio fazia não era infernal. Ser acordado repentinamente em uma segunda
desse jeito sim. Clicar o botão de desligar despertador do relógio, virar para
o outro lado na cama, 2 minutos depois percebe que já está na hora de acordar,
olha para o frio da manhã, olha para o calor aconchegante do seu cobertor, faz
a decisão sensata de resolver ficar mais 5 minutos na cama.
O resto do dia dele
é bem difícil de prever (menos coisas óbvias como “vai pra faculdade”, “estuda”
ou “dorme”), exceto pelas segundas. Há uma coisa que sempre dá pra ter certeza
do que irá acontecer com ele nas segundas.
Ele levanta da cama
após perceber que não podia ficar naquele calor aconchegante de seu cobertor,
pois sabia que iria criar habito de ficar hibernando ali, talvez até para
sempre.
O que sempre
acontece com ele nas segundas é algo normal. Acontece com muita gente.
Olha para o
deplorável despertador que ele comprara na loja de 1,99 da esquina. Faz o
processo de estralar o máximo possível todos os ossos do corpo seguido por um
pesado bocejo que quase torce seu maxilar.
– Uaaahhh...
É mais ou menos a
mesma coisa do que as segundas das pessoas normais (e anormais), já que o impacto
que ele sofre nas segundas parece ser quadriplicado e elevado a uma potência
bem alta e multiplicado por um numero irracional.
Ele olha ao estado
deplorável do quarto – que por um chute dele, seria 3,14 vezes mais deplorável
do que o despertador. Computador, algumas comics, desarrumação, livros no canto
da mesa, e outras coisas que jovens têm por aí. Passou meio minuto organizando
sua mente.
“O que foi aquilo?” pensava ele ao lembrar do sonho.
Ele olha para o
relógio novamente.
O que diferencia as
segundas-feiras dele das segundas-feiras das outras pessoas, é pelo simples
fato de que tudo tem a maior chance de dar errado, e caso alguém analisasse os
fatores e chances das coisas darem errado para ele, até Murphy ficaria
surpreso.
O relógio tinha os
seguintes números e letras:
25/04/11
MON 8:47
A aula dele começava
oito e meia. O primeiro horário tinha o terrível professor de matemática que
nunca faltava e sempre tirava ponto de quem chegasse atrasado. Merda.
O rapaz em questão –
que agora está correndo desesperadamente pelo campus – sempre teve um poema
para acalmar a si mesmo nas segundas infernais. O poema, se baseia, em razoável
parte, em xingar a existência da matemática.
Algumas horas
depois. Fim das aulas. Fim do tédio. Fim do sofrimento para o rapaz.
O nome dele não
importa muito agora, mas é bom mesmo assim contar. Kevin Steve. Idade
desconhecida pela ciência, já que ele é um completo desconhecido para o
Universo. Pelo menos até agora. A sua aparência importava sim, já que era uma
das poucas coisas que ele não se
importava, mas ele tinha cabelos castanhos que chegavam (certas vezes) ao
preto, uma altura razoável para uma pessoa normal da mesma idade e tem um olhar
entediante. Talvez se o colocarem em uma noite de chuva e com uma luz de poste
e como ele olhando para baixo, o cabelo liso e espalhado daria a ele um visual
bacana e badass. No entanto, ali não era lugar de ficar com olhar sombrio e na
chuva. Estava quase terminando a faculdade, tinha em torno de 23 anos (a idade
não importa muito agora, e não tem necessidade de confirmar com precisão a
idade dele), e quando estava para entrar lá, tinha escolhido algo aleatório
relacionado à matemática, do que logo se arrependeu um pouco depois, já que
antes ele achava que tinha ligeira vantagem com matemática, mas depois notou
que os alunos da sua sala é que eram ruins. Não tinha nenhuma objeção contra
fazer isso, mas já estava enchendo o saco.
Era Segunda.
Segunda era seu pior dia, e ainda por cima esse tipo de dia que normalmente ele
tinha nas segundas testava a paciência de qualquer um. Se ele fosse alguém mais
esclarecido, poderia perceber que ele tinha paranoia de que algo ruim
aconteceria nesse dia, e isso causava uma cadeia de eventos que causasse
exatamente o que ele temia. Ele chamava de maldição da segunda-feira. O porquê
de isso acontecer tem a ver com o universo onde eles estavam (ou quando, ou por
que) e sua propriedade de ter coincidências em excesso. Mas agora ele não tinha
cabeça para isso. Ele queria sair dali, e queria sair logo.
Ao andar, ele
parecia meio deslocado. De fato é. O medo constante das segundas e sua timidez
dificultaram as coisas. Não tinha muitos amigos justamente por isso. Porem
quando ele conseguia ter amizade com alguém, em um ano ele conseguia estragar
tudo e não manter contato depois, nem dizer oi ou algo assim – estranhamente
sempre ele andava com alguém amigo, mas no ano seguinte essa pessoa saía do
colégio e Kevin arranjava outra pessoa para andar. Mas uma pessoa notou que
isso acontecia, e falou para Kevin que iria mudar isso. Acabou sendo verdade.
Agora o que ele
desejava era uma confortável cama e um refrigerante. De uva de preferencia.
Havia planejado desde ontem compra-lo, já que era uma das poucas coisas que
acalmariam o estado espiritual dele (que no momento está perturbado devido ao
fator “segunda-feira”). Tinha até o
dinheiro contado. Tinha gastado o resto em seus vícios. Eram jogos, comics, comida gordurosa, e outras
coisas que fariam qualquer mãe dar uma bronca nele por irresponsabilidade. Mas
ele precisava de um refrigerante de uva, e precisava agora.
Foi para a maquina
de refrigerante mais próxima – que não era tão próxima assim, mas em relação a
todas as maquinas de refrigerante que tinham no mundo, essa era a mais próxima,
a quase um quilometro dali. Carona, andar 700 metros, chegar à esquina que
tinha a gloriosa maquina de refrigerante mais barata por ali. A empresa só
tinha aquela maquina de refrigerante ali, então eles não encontravam
necessidade de ter preços altos já muita gente comprava regularmente naquela
maquina. Kevin não precisava ir até lá apenas pelo refrigerante para se manter
são na infernal Segunda. Se ele não tivesse motivo para ir até lá ele arrumava
dinheiro e comprava em um lugar mais perto. Mas hoje ele precisava ir até o centro
da cidade. Ele não sabia bem por que, mas tinha um motivo bom para ele ir para
lá, e não era o refrigerante.
Ele está de frente
para a gloriosa maquina de refrigerante. Estava desgastada nos cantos, mas
ainda mantinha sua pintura forte no resto da superfície de plástico e metal.
Kevin procura calmamente pelo refrigerante. Perfeito. Tinha um. Agora ele pega
seu dinheiro contado e insere parte na maquina. Ele inseriu apenas parte do
dinheiro, pois ele parou ao olhar para o preço. Ele se lembra de quanto tem.
Lembra-se do valor anterior. Lembra-se do valor atual.
Ele endireita suas
costas vagarosamente, e inclina sua cabeça para a direita.
À direita dele, a
alguns metros, está o rio que ia para outra cidade ali pela Colúmbia Britânica.
O ar frio, o inverno que prometia fazer poças perto do meio fio apenas para os
caminhões e ônibus passassem por cima apenas para te encharcar, as manhãs
congelantes e o ar de cor cinzenta com um leve tom azulado. O ar passava calmo
e era exatamente isso que Kevin tentava ficar. Mas o aumento do preço não
deixou. Sem falar que nessa hora, todo o comercio da cidade fechou devido a um
pequeno festival. Adeus refrigerante.
Ele olha para cima,
e pergunta:
– Por quê?
Mas logo ouve uma
resposta, digamos assim, não tanto satisfatória.
– Por que é assim
que as coisas não são.
– Hã?
Kevin olha para
trás. Logo conclui com sua memoria conturbada quem era essa pessoa.
– Ah, é você
Trenton.
–Jesus que não ia
ser né?
– Tá, tá, entendi –
fala Kevin, e depois pensa um pouco – Hum... Como assim as coisas não são?
– As coisas nunca
são o que parecem ser, portanto elas nunca são assim.
Kevin arruma tempo
para pensar, concluiu que não entendeu nada, mas prossegue.
– Então baseando-se
nisso – fala Kevin – você afirma que o por que de eu estar sofrendo é por que
as coisas nunca são o que parecem ser?
– É por aí.
– Ah, claro.
“Claro que não entendi nada” pensa Kevin.
– Só que não –
prossegue Trenton – eu só falei algo sem sentido para aliviar esse seu...
ahm... Sua maldição da segunda! É, era isso.
– Não, você não
ajudou em nada – responde Kevin, seco.
– Então está tudo
bem. O que tá fazendo aqui?
– Só me remoendo
pelo meu azar semanal, e você?
– Deu vontade de
vir para cá, logo eu vim.
– Entendo.
Há um silencio –
que não era tão silencioso já que tinha o barulho do vento junto com um som de
musica vindo da praça da cidade. Kevin tem uma ideia.
– Ei, você tem
dinheiro pra me emprestar?!
– Sei lá, me deixa
ver.
Procura nos bolsos,
na mochila, no casaco, dentro do compartimento de baterias do celular, dentro
da lanterna, e finalmente acha algum dinheiro dentro do cartucho onde tinha
pontas de grafite para lapiseiras 0,7mm.
– Tá aqui.
Kevin pega a cédula.
Um C$. Ele recupera sua autoconfiança. Mas em seguida olha para Trenton.
– Você não precisa
levar essa tralha toda pra todo lugar onde você vai.
– Não, não preciso
mesmo. Todo dia eu penso quando estou com essa mochila em algum lugar fora de
casa: “Hoje quando eu chegar em casa vou me livrar dessas coisas, preciso tirar
isso logo”. Aí você fala: “Aposto que você esquece da existência da mochila
quando chega em casa”, mas não, é preguiça mesmo.
– Cara, você não
leva tralhas na mochila, você leva tudo no bolso.
Trenton para. Olha
para si mesmo. Faz uma cara que diz claramente: “Realmente, você tem razão, mas não admitirei minha derrota em nome do
meu orgulho negativo!”.
– Ah, dá na mesma!
– Uma coisa é
esquecer-se de arrumar a mochila, outra é esquecer da existência desse meio
mundo de coisa que você leva dentro do bolso, que deve incomodar bastante
durante o dia.
– Há!!! Eu tenho
preguiça, eu não esqueço! Portanto estamos empatados!
– Ok, você tem um quarter* aí?
– Procura aí na
mochila.
Trenton coloca a
mochila nas mãos de Kevin e vai apreciar a luminosidade da maquina de
refrigerante. Kevin abre a mochila, e se assusta: é bem arrumada. Uns livros,
um bloquinho de notas, entre outras coisas de estudante. E uma chave de fenda. “Por essa eu não esperava” pensa Kevin
com sua autoconfiança restaurada recentemente que em segundos será aniquilada.
Após procurar, acha algumas moedas, ele começa a somar rápido em sua cabeça e
vê que dá para comprar o refrigerante.
– Háhá!!
Ele vira para a
maquina – que recentemente ganhou o apelido de Pluto, por alguém desenhar um
cachorro amarelo na maquina semana passada. Insere o dinheiro, e clica no botão
onde ele se lembra de onde estava o refrigerante precioso. Ele não está mais
lá. Kevin entra em pânico. Olha para o lado. Vê Trenton terminando de beber uma
lata de refrigerante roxa. Ele amassa, e joga a lata na inocente lixeira que
estava do lado.
– E então? Bora
voltar para o campus?
Trenton Finley. Amigo de Kevin. Está na mesma faculdade que Kevin e é amigo
dele à 7 anos. Tudo começou com um barulho de anel.
Pling.
Foi um barulho de
um sistema de som de dez canais de áudio com uma memoria de processamento de 8
kbytes, que era emulado em um console de saída de áudio estéreo, que era
pequeno e escuro. Era um PSP um pouco velho e desgastado que Kevin tinha, e o jogo
em questão foi jogado no primeiro ano no ensino médio. O jogo era um emulador,
que estava processando um jogo de 94 cujo som mais ouvido do jogo era Pling.
Finley tinha chegado nesse colégio faz 30 minutos e procurava algo para se
entreter. E de fato, achou. O Pling chamou atenção de Trenton. Ele se
interessou pelo PSP preto de Kevin. Não que fosse algo impressionante, mas era
meio incomum. E perigoso. O inspetor era um senhor cauteloso e frio na hora de
confiscar coisas dos alunos. Trenton olha melhor e vê o jogo emulado.
– É Sonic and Knuckles ou Sonic 3 and Knuckles?
Era Sonic 3 and
Knuckles, mas havia a possibilidade de ser apenas Sonic and Knuckles, já que
estava na fase Mushroom Hill Zone Act 2.
– Hum, não, é o SK mesmo
– responde Kevin.
– Eu prefiro as
musicas desse, mas gosto de todas as fases do 3 e Knuckles juntas.
– Nome? – pergunta
Trenton derrepente.
– Kevin.
– E eu?
Kevin pausa jogo, olha para Trenton, e finalmente
pergunta.
– O quê?
– Trenton. Prazer.
Começou assim.
Isso foi há sete
anos. Trenton só está ali para abusar Kevin, pelo fato de um dia Kevin falar algo depressivo apenas para parecer solitário e um pouco legal (e pra lhe deixarem em paz), e o que ele disse foi que ele sempre teve um amigo por ano e todo fim de ano ele nunca mais o encontrava e nem tentava fazer contato depois. Apenas
para abusá-lo, Trenton continua junto dele.
Ele sabia como se
comportar com Kevin durante as segundas. Ser o mais incompreensível possível.
Desse jeito, as coisas ficam mais fáceis para os dois. Normalmente era uma
pessoa comum com uma imaginação estranha. Hábitos estranhos, ele só tinha um
digno de ser mencionado: falar coisas estranhas na segunda. Ninguém além de
Kevin nunca compreendeu o porquê disso, e nem queriam saber.
Trenton tinha uma
estatura média, cabelo castanho escuro desarrumado (provavelmente ele não sabia
da existência do pente ou da escova), dificilmente o olhar dele era sério, e
era viciado em comida gordurosa (mas como nem sempre ele tinha dinheiro pra
comprar esse tipo de coisa, ele só compra/come isso uma vez por semana, e por
isso ainda não ficou gordo), e era sensato e calmo, é claro, menos nas
segundas. Nas segundas ele era completamente insano. Mas neste dia ele estava
estranhamente calmo.
No momento atual,
os dois estavam voltando para o campus.
– Eu te odeio.
– Você sempre fala
isso – responde Trenton.
– Só estou te
lembrando.
– Pelo menos nas
segundas – fala Trenton novamente, mas dessa vez olhando para cima – você diz
isso.
– Eu...
– Você... – interrompe.
– Ah... Eu odeio...
– Sim, você odeia
as segundas – fala Trenton – porque insiste em continuar a falar isso?
– Por que eu as
odeio.
– Todos odeiam.
– Mas eu odeio
mais.
– Não, tem uma
dimensão alternativa em que você odeia segundas tanto que chegou a retirá-las
do calendário cristão – fala uma voz repentinamente do lado.
– Eu tenho certeza
que odeio mais do que esse eu da outra dimensão – responde Kevin de volta,
zangado – aliás, quem é você?
– Jack.
– Ah – fala Trenton
– Não me diga que... Seu sobrenome é...
– Exato, é Eta –
fala o tal Jack.
– Eta? – pergunta
Kevin – Não entendi, o que é Eta?
– Jacketa – responde Trenton.
– Ah – fala Kevin,
que depois pensa um pouco, e fala – Você conseguiu, Trenton.
– O quê? Consegui
uma medalha?
– Estou indo
embora, continuem sua conversa aí, seus loucos.
Kevin vai em
direção à passarela mais próxima para se jogar. Por sorte – ou azar – tinha uma
dessas perto da esquina onde Trenton bebeu o refrigerante que Kevin queria
tomar. Kevin não pretendia realmente pular, mas sua paciência acabou – e seu
dinheiro também, provavelmente vai comer macarrão instantâneo pelos próximos
meses –, e ele esperava que Trenton ou então esse outro indivíduo chamado Jack
(que descreveremos depois) o segurassem tentando impedir o suicídio dele, e
desse jeito, Kevin usar seus argumentos semi-instruturados para assim, fazer os
outros dois ficar de saco cheio e decidir comprar um refrigerante para ele.
Ele esperava que os outros dois fizessem
isso.
Ele chega à pequena
passarela que havia ali por perto.
– Adeus mundo!
– Espera, tenho uma
oferta! – grita Jack.
Kevin para o que
estava fazendo – que no momento era subir na borda da passarela.
– Como assim? Um
seguro de vida ou algo assim? – pergunta Kevin, incisivo – Não obrigado.
Kevin no momento
achava que as coisas estavam ocorrendo como ele queria. Alguém teria de comprar
um refrigerante para ele. Que não seja diet (principalmente porque é mais
caro).
– Não é que... –
Jack para, pensa, olha para cima, tenta arranjar um argumento, logo vê que
Kevin vai se jogar e continua desesperadamente – O universo... Bem... Acho
que... Éééééhhh... Ele precisa de você! É! Acho... Que foi isso que eu quis
dizer...
– Não entendi. Pra
falar a verdade – fala Kevin –não estou entendendo nada hoje. O que o universo
tem a ver? É um discurso sobre a vida e a importância dela ou algo assim?
– Não, ela é bem
inútil mesmo. A vida serve para nos levar a morte.
– Ah.
Trenton continuava
assistindo a cena, rindo por dentro, e segurando-se para não tentar se jogar da
passarela para ver se ganha um beijo de uma garota bem intencionada que
desejaria salvá-lo. Ele achava a cena hilária, e sentia vergonha ao mesmo
tempo, com todas as pessoas da rua olhando para eles, sentia vergonha como se
fosse com ele.
– Não é exatamente
isso... É difícil explicar nas circunstancias atuais... E não que o universo
precise necessariamente de você – e claro que não é esse universo – tem outras
pessoas capazes, mas, bem...
Jack tentava
continuar.
– Você é capaz de
algo, não desperdice sua vida – Jack prossegue, finalmente sabendo o que fazer,
continua de novo – Sabe, ter esse negocio de vida não pra qualquer um, sabe?
Objetos que o digam. Menos o isqueiro, isso é conhecimento geral.
– Bem, ainda não
ente-
Vapt.
O barulho acima foi
causado pelo acumulo de gelo na borda da passarela onde Kevin fingia que iria
pular – que resultou em outra coisa. Mas chegaremos nessa parte.
Na rede do
espaço-tempo é possível fazer um “rasgo” nela. Seria o ato de ir (mas no caso é
criar outra, você nunca “vai” para outra realidade) para outra dimensão (mas o
nome apropriado – e mais bonito – é realidade), ou então viajar no tempo, que
inclui o ato de viajar entre (criar) realidades. É uma arte bem bonita de se
ver, se for você que cria a realidade. É uma proeza que poucos no universo
(estranhamente na maioria dos universos tem sete indivíduos e dois objetos que
conseguem viajar dimensionalmente) conseguem. Para criar outra dimensão é
preciso apenas o conhecimento da coisa. Ao saber imediatamente você consegue
fazer. O problema é como se faz isso. É bem difícil. Você precisa de alguém que
seja um agente do HUB – o que será explicado posteriormente – e que essa pessoa
(ou objeto) seja muito generoso(a) o suficiente para lhe ensinar a arte de
viajar entre as LHs.
LHs é o nome que (na
maioria dos universos) se dá para as realidades – sejam elas congruentes,
semiparalelas, em um eixo de 3,1415926525 graus em um plano tangencial de fator
recursivo ou aquelas realidades que não gostam muito das outras e preferem se
relacionar apenas com uma. O porquê de darem esse nome, as pessoas/objetos já
esqueceram há tempos. As letras nunca mudam. O que determina a realidade em
questão são os números. Podem ter argumentos para especificar qual a direção do
tempo (algo bem fútil para se ter em uma realidade), determinação do espaço
(outra coisa frívola), entre outras coisas. Dependendo da incomplexidade da realidade, o nome dela pode ficar maior, indo
desde L3H até L436¬1/’53*2∫3H. Para representar um grupo de LHs usa-se GL(numero)H. Um grupo de realidades é
justamente o que diz o nome, são realidades que têm pontos em comum (e incomum
também) que são representados pelos números.
O método de fazer
alguém/algo aprender a viajar entre LHs é o seguinte:
Vá a uma das realidades das zonas da GL6%–3¢D:&13H – que
as realidades do conjunto contem as características de se mover livremente
entre três dimensões, se movimentar em linha reta em uma quarta, o índice de
alma ser “infeliz” e “cheio de problemas”, e mais outras 13 . Vai para a
galáxia a 2062 Gigaparsecs da origem nuclear referente ao L∞H – realidade
matriz –, depois se informe sobre o sistema de medição de setores galácticos da
região. De qualquer forma, vá para o braço mais longo da galáxia, depois siga
para o braço ao lado que tem um corte, vá para a segunda parte, depois procure
uma estrela amarela, e vá para o terceiro planeta da orbita da estrela.
Chegando lá, abuse dos seres atrasados lá, depois procure se divertir na
galáxia enfrentando perigos de qualquer ser normal desse universo. Depois
procure alguém que exista de forma proporcional ao eixo de probabilidade em
relação ao L∞H. Fale com ela. Automaticamente a propriedade de coincidência,
probabilidade, azar, memoria copiada em neutrinos que se reúnem no corpo da
pessoa que você conversou, desse universo
vai agir. A memoria de como fazer isso automaticamente é colocada no cérebro na
pessoa. Tem como objetos conseguirem aprender também, mas cuidado, ao
adquirirem consciência eles começam a exigir muita coisa. Quanto o processo de
ir até o planeta Terra e abusar humanos é desnecessário, mas uma coisa
divertida de fazer. Resumindo: Para você aprender a viajar entre LHs você
precisa que um viajante de LHs fale com você.
E um fato aleatório
que será inserido no contexto agora é: se uma coisa tem chance de dar errado,
ela dará, da pior maneira possível, no pior momento, e de maneira que cause
maior dano possível. Trenton sabia disso. Ele apostou que Kevin ia escorregar
acidentalmente naquela hora. Isso tinha de acontecer, pois era uma das leis da
física (que por sinal eram chatas e restritivas) do universo onde eles estavam.
Quando se diz:
“Construí uma maquina que me leva a outras dimensões”, está certo, mas ao mesmo
tempo inefável. A causa da maquina poder te levar a outras dimensões é
resultado de uma viajem memorial sensorial gravada em neutrinos que viajaram
Teraparsecs (termo inventado agora) e coincidentemente alcançaram a maquina –
isso acontece apenas com objetos sem alma, caso isso atinja um ser com alma, o
individuo interpretará isso como um sonho ou pensamento estranho, ou algo com
que ele possa compreender. Objetos conseguem aceitar essas memorias porque eles
percebem tudo, veem o universo infinitamente em plano sensorial de forma
pequena.
O mais legal de
saber viajar entre LHs é o teleporte – opinião dos campeões das olimpíadas de
corrida interdimensional (que está sendo profundamente proibida pelos danos
legais a realidades). Não se sabe bem como se faz isso, já que o viajante de
LHs sabe o que fazer por puro instinto. Mas físicos respeitados creem que seus
átomos se separem em partes ainda menores e vão a uma velocidade que daria
inveja ao Goku, indo assim, ao ponto desejado. Simples assim.
Mas agora voltando
ao momento atual.
Kevin fala.
– Bem, ainda não
ente-
Vapt.
“Droga” pensa ele “Que desperdício”.
Ele cai após o
escorregão. Coincidentemente uma rachadura na rede do espaço-tempo ocorreu em um
bilionésimo de milissegundo bem abaixo dele. Ela fechou depois do bilionésimo
de milissegundo, e não estava com vontade de fazer algo.
– Ah! Claro! Como
não pensei nisso?! – fala Jack.
Kevin estava de
volta na passarela.
– Huh?
– Muito louco isso
Jack – fala Trenton – Como fez essa parada de teletransportar?
– Eu não sei.
– Sério?
– É que eu
aprendi... Bem... Não sei exatamente... – fala Jack, pensativo – eu já sei por
instinto.
– Ei, o que diabos
aconteceu aqui? – pergunta Kevin.
– Eu também não
sei, mas explico o que eu não sei no caminho – responde Jack.
– Interessante –
fala Trenton – vou também?
– Não sei –
responde Jack – você quer ir?
– Não – responde
ele rapidamente.
– Então está tudo
bem, não?
– Mas se Kevin vai
com você, eu vou também – fala Trenton – Alguém precisa abusar Kevin.
– Ei, espera, o que
eu tenho a ver com isso mesmo?
Trenton vira para
Kevin.
– Ele falou que ia
nos dizer no caminho.
Kevin trava. Pensa
que se hoje não fosse segunda isso não estaria acontecendo. Começa a culpar o
calendário cristão por ter a segunda. Começa a culpar Deus por ter feito o
mundo em sete dias, para depois seus seguidores fieis fizessem o segundo dia da
semana como segunda. Depois percebe que Deus não tem culpa de nada por que ele
não poderia saber se a segunda-feira poderia ser tão ruim. Agora percebe que a
culpa era mesmo de si mesmo, e consegue assimilar a situação.
“É o jeito” pensa Kevin “Tenho que seguir com o fluxo”.
– Bah, não tenho
nada pra fazer mesmo, vou com você, ah... – fala Kevin – Jack?
– Sim.
– Tá, ok, vamos
nessa – fala Kevin enquanto começa a andar para uma direção (ele não sabia se
era a certa, mas tinha de tomar uma atitude diante daquilo), e depois para e
olha para Jack – Como você me salvou da queda?
– Hã?
– Eu estava caindo,
aí de repente senti algo no ar embaixo de mim e depois estou aqui de volta na passarela.
Foi você que fez?
– Sim.
– Bom, não estou a
fim de saber como ou por que, mas vamos embora.
Jack anda em
direção ao centro da cidade.
– Você... – fala
Jack subitamente depois.
– Eu... – responde
Kevin, agora ele estava mais calmo e conseguia ignorar a existência da segunda,
e provavelmente tudo passaria a dar certo.
– Disse que sentiu
algo antes de se transportar para a passarela, certo?
– Foi.
– Se você percebeu –
fala Jack tentando, com sucesso, fazer uma voz promissora – Então você é mesmo
o cara certo.
– Eu sempre pensei
que eu fosse o cara errado.
– Apenas nas
segundas – fala Trenton.
Eles andam em
direção à praça.
O que aconteceu na passarela
foi um uso irresponsável da criação de realidades por parte de Jack – qual
descreveremos mais tarde, o único fato importante no momento é que ele usa
óculos. Depois que Kevin caiu Jack impediu que Kevin se estatelasse no chão
abaixo da passarela. Não há como explicar como ele fez isso, e também não tem
como descrever a forma do acontecimento, já que descobriram recentemente que
buracos negros não são negros e que eles não têm forma, o que abalou o
psicológico dos físicos menos respeitados pelo Instituto de Analise do
Espaço-tempo (uma dos menos prósperos institutos que tinha influencia em mais
de 800 realidades de três GLHs diferentes, mais conhecido por IAÊ), pois eles
achavam que o buraco negro era verde e era esférico enquanto os físicos mais
respeitados fundamentavam a inexistência dos buracos negros. Quem descobriu a
in-forma e a in-cor dos buracos negros foi o desconhecido e desinformado
publicitário disfarçado de físico para acalmar a população questionadora sobre
a vida, John Belt. É de conhecimento geral que a maioria das pessoas não saibam
nada sobre pessoas que sabem de tudo. E que a sentença anterior tem pleonasmo.
Existem várias
civilizações que conseguiram sobreviver até a descoberta da viajem entre LHs, e
que agora estão lucrando com a venda de passagens para dimensões relaxantes,
onde existem vários planetas desabitados. Os mais espertos se viram construindo
essas realidades por si próprios e somem para sempre, já que o negocio de venda
de passagens para LHs da preferencia do cliente não seja amplo, e que pra cada
realidade, na maioria, apenas 7 pessoas e dois objetos conseguem criar
realidades.
– Pronto,
praticamente chegamos.
– É aqui – fala
Kevin entusiasmado, porem sua próxima fala diz o contrario – a praça da
cidade... É...
Kevin vira pra
Jack.
– Por que nos
trouxe aqui? – pergunta Kevin – Eu odeio festas como essa.
De fato estava
ocorrendo um festival na praça. Era a praça principal da cidade, e havia sido
reformada recentemente. O período da reforma foi de 6 meses, e a única coisa
que mudou foi a pintura e as luzes, e isso foi feito com um dinheiro imenso dos
impostos. Ela não era nada comparada a praça da cidade vizinha. A praça da
cidade vizinha era quase duas vezes maior, custou 4 vezes menos caro, e era de
fato muito mais bonita do que a praça principal da cidade de Kevin, e as
modificações da reforma da praça da cidade vizinha foi troca de lâmpadas,
reforma da fonte, e outras 10 coisas uteis. Eles fazem a reforma da praça uma
vez por ano, enquanto da praça onde Kevin, Trenton, Jack e Ielene estavam,
faziam a cada seis anos. Não que a individua Ielene tivesse importância, era
apenas uma pessoa aleatória que estava obviamente na praça, e de que ela veio
da França. Se tinha outra pessoa a citar com a devida importância e que
estivesse na praça, o nome seria Abbie. O festival que estava ocorrendo na
praça principal da cidade estava movimentado. Kevin, Jack e Trenton estavam
indo para a rua à direita da praça. Tinha uma nave em formato de camaleão lá.
Jack usava um terno
marrom que ele nunca fechava, seu cabelo é ruivo rubro espetado e se encurvava
horizontalmente à medida que descia, usa óculos, calça comum, e a única coisa
estranha são seus sapatos. Seu olhar dizia claramente: “Tenho uma missão a
cumprir e estou feliz com isso!”, e a missão parecia complicada. A forma de
andar dele lembrava a de um adolescente que se achava cool, mas não era. Ele andava com a mão no bolso do terno (que ele
fez questão de alterar colocando esses bolsos grandes no terno) e o olhar era
sempre para frente.
Logo os quatro
estão na rua direita da praça – se você ver do ponto de vista do pequeno
monumento desgastado no inicio da praça.
– É aqui – fala
Jack, que em seguida para.
– Aqui? – fala uma
voz feminina.
Trenton vira pra
garota e fala.
– Sim, é aqui – que
depois aponta para Jack – Pelo menos é o que esse camarada diz.
– Interessante, parece
– fala Jack – que nessa realidade um monte de coisa acontece nesse planeta.
– Sério? – fala
Kevin de forma surpresa – Eu sempre pensei que esse planeta não acontece nada
de interessante, e que os alienígenas devem se divertir pra caramba.
– Aqui o pessoal da
Terra pensa desse jeito? – fala Jack – Ah, tanto faz, o legal é que encontrei
outra pessoa/entidade/objeto capaz como vocês aqui.
– Eu?
– Exato, você está
nessa rua, de frente da nave por que você a achou o exterior dessa coisa calmo
e quer relaxar certo?
– Sim.
– Não entendi –
fala Kevin – pode fazer o favor de explicar?
– Ah, claro– fala
Jack apontando para a nave em formato de camaleão – como você vê isso?
– Com os olhos,
ora.
– Não, erm... O que
você vê? – diz Jack apontando para a
nave.
– Eu vejo uma nave
em um formato que me lembra vagamente um camaleão, por quê?
Jack olha para
Trenton.
– E você, ahn...
– Trenton.
– Ah – fala Jack –
esse é seu nome. Olhe para isso, o que você vê?
– Um nyan cat –
responde Trenton – Nada demais.
Jack vira para a
garota.
– Quem ser você –
pergunta Jack – e o que você vê?
– Abbie – fala ela –
e... (nyan cat?) vejo um tanque de guerra.
Jack olha para
Kevin.
– Kevin, entende? –
pergunta ele – Isso foi feito por mim apenas para atrair pessoas como vocês.
Essa nave consegue fazer ilusões, assim, tomando a forma que mais acalma a
pessoa que olhar para ela. Então fica fácil camufla-la, já que coisas que te
acalmam acabam não chamando atenção, e se a pessoa estiver tendo um dia ruim,
ao olhar para a nave, ele vai ignora-la, achando que é uma armadilha para
tornar o dia pior ainda. Eu estou procurando pessoas como vocês para... Bem,
explico isso depois, mas essa nave facilita a procura de vocês, já que vocês
tem uma característica especial, e se olharem para a nave, vão imediatamente
querer ver ela de perto.
– Genial – fala
Trenton – E seu nome é qual mesmo?
– Abbie.
– Você é linda.
Case comigo.
– Não, obrigada.
– Ok, eu tentei,
sua vez Kevin.
– Por quê? –
pergunta Kevin de forma incisiva.
– Eu falhei na
minha honrada missão, você deve ficar, prevalecer, e lutar pelo meu orgulho
furado.
Kevin se irrita.
– Me diga três
motivos – diz Kevin perdendo a paciência – três motivos para que eu faça isso,
se me convencer eu faço.
“Rá” pensa Kevin “Quero ver ele conseguir...”
– Não temos tempo
pra isso – interrompe Jack – Não, pera, temos tempo sim, o tempo é relativo
aqui né? Ok, estarei esperando dentro da nave. Ou caixa, laranja, tanque de
guerra, camaleão, o que for.
– Vai nessa – fala
Trenton, que depois olha para Kevin – três motivos?
Trenton faz um
olhar de determinação, algo que não combina com a cara dele.
– 1: Estou pedindo
um favor como amigo. B: Você devia namorar ou casar, seja lá o que for, já está
na idade.
– Pera, essa
segunda ou B... – interrompe Kevin.
– Me deixa
terminar! – branda Trenton – Bronze: É legal perturbar os outros, me ajude a
fazer isso com você.
Abbie apenas olha
para os dois, achando graça, e esperava no que isso ia dar enquanto se
preocupava para onde eles iam ir.
– Ok, não me
convenceu, vamos – fala Kevin que logo depois olha de volta para Trenton –
Alias, escolha um método de numeração!
– Pera – fala
Trenton – Ela vai com a gente?
– Sei lá – responde
Kevin – Pergunta ai.
– Você vai com a
gente? – pergunta Trenton a Abbie.
– Depende –
responde ela – Pra onde nós vamos?
Trenton para pra
pensar.
– Não é só isso –
fala ele de forma pensativa – tem a questão do “quando” também. Ele tinha
falado um troço sobre realidades enquanto Kevin andava em direção à passarela.
– Ah – fala Kevin –
Aquela coisa de relatividade que você tem estudado ultimamente? Bem complicado
aquilo.
– Se a física desse
planeta estiver certa né – responde Trenton – ele vem de outra realidade, pode
ser até de outro planeta, lá eles devem saber mais sobre o espaço-tempo e a
parada toda. Mas acho que vamos pra outra dimensão ou algo assim.
– Acho – fala Kevin
– que o nome que se dá pra isso é LH.
De fato, isso foi
um chute certeiro. O porquê de Kevin ter chutado esse nome é que ele pensou na
palavra “Layer” e “Heart”. Layer porque ele achava que as realidades estavam
arrumadas como camadas de um átomo, e Heart por que era um nome bonito de se
dizer e que ele fundamentava que sem as Layers, o Universo Multi-dimensional
desmoronaria, era a base e o centro (apesar do nome) da formação do Universo
Multi-dimensional.
– Sério? LH? Tá, eu
aposto – fala Trenton de volta em modo sarcástico – que isso tá certo...
Trenton volta seu
olhar para Abbie. Abbie tinha estatura média, idade em torno dos 20 anos,
cabelos variando de loiro para castanho escuro, e olhar de preocupação.
– Não sabemos para
onde/quando vamos.
– Ah, claro –
responde ela.
Ela olha para a
praça. Seus olhos parecem procurar alguém.
– É que...
– Ah, você está ai,
Abbie – fala uma voz masculina do lado.
– Ahn, oi pai –
responde ela de forma um pouco travada.
O tal pai da Abbie
olha para Kevin e Trenton.
– Oi rapazes, como
vão? – fala ele estendendo a mão para, obviamente, um aperto de mão, o que ele
conseguiu com sucesso; o fato de ele ter falado com eles como os conhece-se há
tempos era pra não envergonhar a filha.
– Oi – falam os
dois ao mesmo tempo.
O pai dirige o
olhar à filha.
– Bem, falta... –
fala ele, depois olhando para o relógio – Falta uma hora.
– Eu sei – responde
Abbie.
– Uma hora –
continua o pai – para ela chegar.
Ele olha de volta
para a praça.
– Você... – ele
volta a olhar para ela – Vai dar uma volta com seus amigos?
– Não, eu... – ela
responde enquanto esvazia a voz.
Ela pensa o quanto
seria importante pra ela. E pensa na oportunidade de ir com eles no tanque de
guerra. Ela sentia que devia ir – o que provavelmente é o que o instinto dela
de agente do HUB está dizendo. Ela olha de soslaio para Kevin enquanto fala.
– Eu posso
voltar... Daqui a 40 minutos, não posso?
Ele percebe.
– É, ela volta
daqui a quarenta minutos – fala Kevin.
– Então está tudo
bem – fala o pai – Quarenta minutos. No lado do monumento da praça. Eu sei que
isso é importante pra você. Vai com eles. Eu espero.
– Tudo bem, eu
prometo. Vou estar lá.
– Ok, tchau.
– Tchau pai.
Ele anda em direção
à praça e se mistura a multidão. Ele vai pro mesmo lugar que Ielene ia.
– Nós vamos mesmo
voltar pra cá em 40 minutos? – pergunta Trenton – Dá pra fazer isso?
– Jack disse que
tínhamos todo o tempo – responde Kevin – Provavelmente iremos para outra
dimensão, então podemos voltar para essa dimensão no tempo de 40 minutos depois
dela falar com o pai.
– Ah é – fala
Trenton – Havia esquecido dessa possibilidade, pra gente vai ser mais tempo,
mas aqui vai ser 40 minutos... Interessante esse negocio de dimensões.
– Pois é, vamos lá.
Eles entram na
nave.
Na praça, dois
minutos depois, no monumento velho e desgastado, um ex-soldado estava lá. Ele
estava sentado no banco pensando sobre a vida. Uma mulher chega nesse lugar e
senta ao lado dele. Logo depois ele olha para o lado e reconhece a mulher.
– Está uma hora
adiantada – fala ele – Ielene.
– É, eu sei que
você marcou mais tarde, mas o taxista se negou a pegar o caminho mais lento.
Daí eu fiquei passeando pelo canto da praça, ai cansei e resolvi procurar
vocês.
– Quando eu peço o
caminho mais rápido eles dão voltas na rua.
– Bah, normal.
Fica apenas o
barulho do movimento do movimento do pessoal da praça com o festival.
– E ela? – fala a
mulher.
– Chega em 40
minutos – responde ele – Acho que ela vai retornar até mais cedo, preocupada.
– Huff, ela
mudou...
– Desde o divorcio
entre eu e você, claro que ela iria mudar.
– O que – pergunta
ela, ignorando o comentário anterior – ela queria conversar?
Ele olha para a
mulher, ou melhor, vamos chamar do que ela é dele, ex-mulher.
– Sabe – continua
ela – eu estava passando por aqui a negócios, mas ela insistiu em me ver.
– Crianças têm
saudades. Não importa o quanto cresçam, os filhos que amam os pais – fala ele,
de forma distante – sentem saudades dos pais.
– Ela que insistiu
em ficar com você quando ela era criança. Mas você não você não respondeu minha
pergunta.
– O futuro. Ela
quer cursar na França.
– Hã? Ela quer
morar comigo?
– É.
– Tá, ok, mas devo
avisar que não ensinarei a ela francês.
– Como esperado de
você – diz ele, rindo.
“16h53min, 12/07/2010” Pensa Abbie,
anotando isso no papel.
Logo depois ela
guarda no bolso da calça, ela achou que não podia confiar no buraco negro que
ela chamava de bolsa.
– Bem pequeno isso
aqui – fala Kevin.
– Ah, foi mal –
fala Jack – é que se ficar muito grande não dá pra nave ficar “invisível”.
– Bom, pra onde/quando
vamos? – pergunta Trenton, animado.
– Falta o porquê
também.
– Tá bom – responde
Trenton – Pra onde/quando/porque vamos?
– Decidiremos isso
agora, venham todos aqui.
A nave, caixa, nyan
cat, tanque de guerra, nave em forma de camaleão, seja lá como você chamar, era
ligeiramente menor do que uma pessoa da terra esperaria. Na imaginação de
pessoas da terra na idade contemporânea, naves espaciais de outros planetas (ou
realidades, nesse caso) são grandes, tem chamas azuis, design aerodinâmico, e
tem suprimentos quase ilimitados e disponíveis para comer no espaço. A “nave”
onde eles estavam tinha apenas um banco longo e semicircular, parede oca com
algumas telas penduradas e um computador para entretenimento. A “nave” nem sequer
tinha motor. A movimentação era baseada no objeto “nave”. Era um objeto que
adquiriu consciência e agora leva Jack para qualquer lugar. Era um objeto
agente do HUB, e sua classificação seria no grupo de três primeiras dimensões.
A nave consegue viajar apenas no “onde”. Ela se movimenta no espaço apenas. O
modo de como ela viaja entre LHs é colocando em seu cérebro não-existente as
coordenadas onde se posiciona uma rachadura do tempo-espaço. As coordenadas do
universo no quesito “espaço” estão em constante mudança, e a origem delas vem
de fora para dentro. Como o universo vai se expandindo constantemente, e não
tem forma, o canto de onde até o universo se autoformou é a origem. Ela está em
constante em mudança, e em consequência, as coordenadas universais do espaço
também. O lugar onde as rachaduras de espaço-tempo aparecem é nas coordenadas
formadas totalmente de números irracionais, ou então infinitos. Exemplo: Vou
pra coordenada π,∞,√3. Lá você acha uma rachadura e vai para um lugar aleatório
dos universos.
Poucas vezes a nave
é usada por Jack, e ela gosta de ficar quieta.
– Muito bem, sentem
aqui.
Eles sentam no
banco longo e semicircular.
– Ok –diz Jack no
centro – agora vou dizer a classificação de vocês.
– Classificação?
– É, esperem pra
ver – responde Jack, que logo depois vira para Trenton – Você é classificação 2
e 3 ainda.
Ele olha para
Abbie.
– Você é 1 e 3 –
fala ele, que depois prossegue com uma voz desapontada – Pois é... Vocês vão
evoluir mais tarde...
Ele olha para
Kevin.
– Nossa – fala
Jack, surpreso – classificação 4.
– Isso é ruim? –
pergunta Kevin – Seja lá o que for...
– Não, é bem útil
até.
– Pensem todos em
um numero – fala Jack depois.
– Pode letra? –
pergunta Trenton.
– Sim – responde
Jack – todos já pensaram?
– Já – todos falam.
– Vou definir a
área de transporte e probabilidade – fala Jack – Temos que encontrar no mínimo
mais 3 de pessoas como vocês para continuar com o plano.
– Agora pensem de
novo – continua ele.
Ouve uma ausência
de barulho, espaço, tempo, sentido, energia, etc.
A nave enquanto
viaja pelo tecido Multidimensional com aquelas pessoas dentro dela começa a
elaborar uma petição para exigir ao governo o direito de cidadania.
Nenhum comentário:
Postar um comentário