quinta-feira, 18 de julho de 2013

explicações, letras de sangue, e coisas

 opa ola galerinha, bem, os dias tao meios difíceis, pelo menos para mim, segundo meus cálculos recentes, se continuar como esta eu só terei 4 hrs por dia para escrever, durante os próximos 11 meses, e isso esta meio difícil, por conta dessa limitação eu vou estar escrevendo o letras de sangue individualmente, estou deixando todos os outros projetos meus, em HIATO, ou seja, eles estão em pausa, ate eu me arrumar estará assim, talvez nos fins de semana eu consiga dar uma trégua com meu corpo e trazer tudo que eu tinha pra trazer, ok?
mas aqui vai o cap dois e três de letras de sangue!



Palavra dois: adaptação

É eu não tinha mais o que fazer, para muitas pessoas a vida acabaria ali, acabaria agora, eu não tinha mais pai, nem mãe, - familiares para poder ter a guarda? -, não eu não tinha nenhum, meus tios todos estavam no exterior, provavelmente nem sabem que minha mãe morreu... Meus avos, todos mortos, irmãos eu não tinha nenhum, - primos! – eu tinha primos, é primos, eles eram a resposta, com certeza, eu pensava, onde eu posso achar um de meus primos? O lugar mais próximo.
Então eu pesquisei, procurei, e continuei procurando, por muito tempo eu procurei, com uma convicção quase louca, com uma vontade que eu nem sabia que tinha,
- desespero – essa era a palavra que eu estava procurando, era o que eu estava sentindo, ou quase.
Viver sozinho era difícil, eu tinha que continuar indo para a escola, tinha que manter o disfarce, manter minha mentira, manter aquilo que aos poucos iria me destruindo, só tinha passado uma semana e eu não estava suportando o fato de que todos tinham a escrita da morte em seus corpos – derrame, facada, velhice, afogado, atropelado, hemorragia, câncer -  todos eram, meus amigos, eu conhecia todos eles, saber da morte deles não era legal, nem um pouco.
- E então, como estão sendo seu dias? - perguntou a Mili, essa pergunta nunca me incomodou tanto, porque tinha que ter vindo dela?
- Bem... Vão bem... - não avia muito que falar nessa situação, só manter eles longe disso já era o suficiente para mim.
- É cara você tem agido meio estranho esses dias, tem certeza de que esta tudo bem?- amigos sendo amigos, se preocupando, não deviam, mas estão sempre.
- Não é nada... – acho que se perguntassem mais uma vez sobre isso eu iria correr ate em casa de novo.
Eu sai, sai dali fui pra casa, andando como sempre, e como sempre as palavras narravam tudo aquilo que estava acontecendo a minha volta, o vermelho já estava começando a se tornar algo comum aos meus olhos, em todos estavam, uns mais fortes que outros, mas estão em todos.
Mas mais uma vez algo se destacou, estava em um vermelho bem vivo no pescoço dele – estrangulado – mas não era isso, tinha outra coisa tinha outra cor, estava em azul, era estranho dessa vez não era grande ou vermelho, era bem pequeno, era nas mãos, estava escrito em azul nas mãos dele, - estrangulador -, era estranho, então eu resolvi ir atrás dele.
 O “senhor estrangulado” se virou para um beco, provavelmente um caminho para casa, ou trabalho, mesmo nessa situação eu sempre me perguntava, - porque sempre para o beco? – mas ele foi, e não muito surpreendentemente o “senhor mãos azuis” o seguiu, foi ate o mesmo beco, ele gritou:
- Ei! Lembra de mim? – senti que algo estava pra acontecer, por mais óbvio que isso pudesse parecer.
- Que? – respondeu o “senhor estrangulado”, acho que ele já avia entendido, ou talvez não.
- Acabou, você não vai fugir dessa vez, não de mim
Ele foi em direção ao “senhor estrangulado”, pegou uma arma, nesse momento eu pensei – arma? Não era para ser estrangulado? – ele atirou, mas não era uma arma comum, era uma arma de dardos, ele acertou a perna do “senhor estrangulado” que ficou tonto, então ele somente chegou perto, as mãos na frente ate o pescoço, e o pegou, apertou devagar, o homem dopado não podia fazer nada, aos poucos seu rosto foi ficando avermelhado, ate chegar a um tom quase azulado, ele morreu e nem sentiu, as letras em seu pescoço ficaram, aos poucos, sem cor, ate ficar cinza, o mesmo ocorreu com as mãos do estrangulador.
 Ele escondeu o corpo numa lata de lixo, e estava saindo do beco, nesse momento eu me lembrei que eu estava no beco também, - eu tenho que sair daqui! – pensei, era o que eu tinha que fazer, então corri, como sempre eu corri, e voltei pra casa.
Não devia ter feito isso, minhas escolhas... eu cheguei, já tinha uma semana e o corpo morto do meu pai ainda estava sobre a mesa, eu não suportava olhar aquilo, mas não podia fazer nada.







Palavra três: viajem

O corpo do meu pai, já há quase três semanas, naquele mesmo lugar, o cheiro do corpo em estado de putrefação estava começando a me incomodar, assim como as memorias que eu tinha por ele, - oque fazer? – eu me perguntei, não tinha muito oque fazer, eu não iria tocar naquilo, então o cobri, com um plástico, e depois um pano preto, por enquanto era isso.
Eu já estava ficando exausto, eu não dormia a mais de três semanas, e ate este momento eu não havia encontrado meios de contatar nenhum de meus primos, na verdade eu não tinha achado nenhum deles, mas qualquer um já estava bom, eu precisava sair desse lugar, não conseguia suportar o fato de isso estar acontecendo comigo, mas estava e eu era obrigado a conviver com isso.
É a situação já estava ficando critica, - últimos avisos, se não pagar teremos que cortar a sua energia – eu tinha menos de dois dias pra achar um primo, ou no mínimo algum conhecido distante, - por que eles se escondem tanto? – família nunca vou entende-las, principalmente a minha, família estranha essa minha.
Não saio de casa a mais de quatro semanas, meu pai ainda esta naquele mesmo lugar, acho que eu devia ter enterrado ele, ou algo nesse gênero, mas eu não podia, se eu fosse fazer isso os vizinhos descobririam, ou no mínimo iam desconfiar de que algo estava errado, e o que eu menos queria agora era atenção.
Eu não tinha tempo, nem cabeça, pra poder aturar por mais alguns dias, essa situação, eu precisava sair ,dar uma volta, mas não podia, estava confinado em minha casa ate chegar a possibilidade de eu sair daqui, mas nada, parecia que eles não existiam, o que era um tanto quanto estranho.
Sem luz, água, telefone, comida e principalmente sem internet, eu já estava sem meios de achar qualquer familiar, agora eu só tinha a mim mesmo, eu estava sozinho, pela primeira vez desde a morte de minha mãe, eu me senti como se não houvesse mais ninguém, ate as palavras se silenciaram perante minha tristeza.
Arrumar tudo, não, só arrumar o necessário, eu fiz, juntei minhas coisas, juntei o necessário, somente aquilo que eu usaria, pois ficar aqui deixaria de ser viável, e fui, pela primeira vez em minha vida, eu iria sair de casa, pela primeira vez em minha vida eu não estava preso a nada, não estava sendo arrastado para baixo com a tristeza de meu pai pela morte de minha mãe.
Os dias estavam começando a ficar mais longos, e minha vida mais complicada, mas por algum motivo tinha um lado bom, não havia ocorrido nenhuma morte aquela semana, talvez um cachorro por um mendigo faminto, mas fora isso, foi uma semana pacifica .
Bem só no inicio, as palavras não me deixavam em paz nem um segundo, eu nunca avia me incomodado com elas mas elas haviam se tornado um incomodo,  descobri que ate animais elas registram de quando eles iriam morrer, sair desse lugar já tinha se tornado mais do que um objetivo, era uma necessidade.
Pedir carona, sempre achei que seria algo difícil, ou no mínimo complicado, mas não é bem simples na verdade, só era necessário que você levantasse o polegar, e esperar que um carro passasse, e eu o fiz, e veio uma caminhão – caminhão nunca entendi isso, era sempre um caminhoneiro que dava carona, era algo do destino? – ele veio, era um caminhão vermelho, ele parou e abriu a porta:
- Precisa de carona garoto? – falou, com uma voz estranha como se estivesse gripado ou algo do tipo, tinha um cigarro na boca
- Errr, sim, para o mais longe daqui se possível – eu disse, tentando ao Máximo não olhar para ele, pra não saber do destino que o aguardava, era difícil eu detestava isso, mas a curiosidade, a curiosidade sempre vencia, e eu olhei, - câncer, câncer de pulmão – era um fim trágico, mas era o fim dele, e eu não podia fazer nada, ou talvez pudesse.
Em um ato de desespero, um pouco altruísta, eu estiquei meu braço, e agarrei aquele cigarro, e o joguei para fora da janela.
- mas o que!? “cê ta loco mulek!?” – ele falou, me surpreendeu acho que todos falam isso.
- caminhoneiros não devem fumar, pode acabar causando um acidente – eu disse como justificativa, mas é bem claro que não era essa a verdadeira
- huf – suspirou – tudo bem... Mas não faça isso de novo esta certo? – ele falou, estranhamente calmo, acho que era efeito do cigarro, era o que eu achava... - acho que você já percebeu... – disse ele com um tom de voz um pouco mais baixo – eu estou morrendo, é o fim para mim, mas eu tenho que pelo menos fazer dessa minha vida valer a pena, então decidi ajudar as pessoas, eu não tenho muito tempo, mas muitos ainda tem muito que viver... – ele concluiu, calou-se, assim como eu, virou a cara para frente e continuou a dirigir.
Eu tive uma boa ajuda realmente, foi muito bom encontrar ele, ele não fazia perguntas, não me questionava, somente seguia em frente, era um bom homem, melhor que muitos que estão vivos, por que segundo ele mesmo, ele já estava morto.
A minha viajem tinha começado, eu achava que já estava começando a ficar calma minha vida, mas o pesadelo parece assustador, ate que ele começa a se mover em sua frente... O meu pesadelo ainda era somente um sonho calmo e confortável...

=================================================================

end--

Nenhum comentário:

Postar um comentário