Prologo:
acontecimento escrito
Paranoia,
uma palavra um tanto quanto incomum, uma doença mais do que comum, que vem acompanhada
de tantos outros maus, aquela sensação de algo vai dar errado, que alguém esta
te seguindo, ou observando.
Eu
vejo letras, em todo lugar desde a minha infância, em tudo, como se o mundo
ficasse mandando SMS para mim, e minha cabeça as projetasse nas paredes, copos,
prédios, objetos, pessoas, entre outras coisas, em todo lugar, muitos ficariam
loucos com essa situação, mas eu não, é estranhamente não, tomei isso como uma
vantagem, eu sempre tinha dicas pra tudo em todo lugar.
Eu
pensei muito em dizer isso para alguém, e eu realmente disse, mas ninguém nunca
acreditou, ou simplesmente mandavam aquele clássico “cê ta loco molek?”, dai o
jeito era me acostumar, o problema era quando aparecia essas palavras na cara
das pessoas com quem eu conversava, sempre aparecia algo como:
idiota, inútil, mal caminho, sem rumo na vida, não quero nada com você, é mais ou menos essas coisas ai, e eu lia em voz alta na frente de todos, e principalmente na frente de quem eu estava conversando, embaraçoso? Talvez, mas era meu problema e eu tinha que aprender a me virar.
idiota, inútil, mal caminho, sem rumo na vida, não quero nada com você, é mais ou menos essas coisas ai, e eu lia em voz alta na frente de todos, e principalmente na frente de quem eu estava conversando, embaraçoso? Talvez, mas era meu problema e eu tinha que aprender a me virar.
Mas
minha historia não começa ai, na verdade seria bem divertido se começasse ai, então
eu teria bastante tempo ainda, mas não, o destino tinha outros planos para
mim... Vamos mais para frente, quando o meu pequeno probleminha se torna um
grande problema, quando o futuro se tornava claro aos meus olhos, e o passado
cada vez mais nebuloso.
Eu
estava no caminho de casa para a escola, uma tortura para mim, uma oportunidade
inerente de futuro aos olhos de meus pais, normal, como sempre as palavras
narravam tudo que aconteceu ou estava acontecendo em volta de mim, ate que
notei algo no mínimo estranho:
-
Mas... Oque? Ele ainda está ali, por que tem... Atropelado escrito nele?- havia
falado isso depois de notar a palavra escrita em sangue no corpo daquele homem.
Eu
comecei a andar mais rápido, quase correndo para ver se eu tinha lido direito,
mas o tempo não era meu amigo.
Eu
estava a menos te 10 metros dele quando ele foi atravessar a rua - NÃO! - gritei,
mas já era tarde, muito tarde, uma vã estava na direção dele, mais rápido do
que deveria, mais rápido do que poderia, ele foi atropelado, o motorista da vã
em desespero acelerou mais para tentar fugir da punição que ele sabia que teria
que enfrentar, o homem caído no chão, encima do próprio sangue com as duas
pernas quebradas e uma fratura exposta no braço esquerdo, lutava para respirar,
lutava como um condenado para manter-se vivo, mas já era tarde, uma das
costelas avia por perfurar um de seus pulmões, respirar se tornava cada vez mas
difícil, e eu não conseguia fazer nada, não me movia,
- Pânico?-
eu me perguntava, mas não era, eu que simplesmente não sabia oque fazer nessa
situação.
Eu
tinha que saber o nome do atropelado, eu só tinha duas alternativas, ou eu
procurava a carteira com a identidade, essa eu na faria de jeito nenhum, ou eu
chegava mais perto e olhava no rosto dele, o nome sempre aparece na testa, mas
a expressão dele, e o fato dele continuar se debatendo, e espalhando mais
sangue em minha frente somente me deixava mais indignado, e enojado. Mas eu o
fiz, cheguei perto e vi, na face já pálida e sem vida, olhei nos olhos de um
homem morto, uma morte que eu podia ter evitado caso não fosse tão burro, o
nome era Josh.
Palavra
um: duas mortes, dois traumas.
Eu
não entendia oque aconteceu, aquilo ainda era um mistério para mim, eu não
tinha noção do que ia acontecer dali em diante, mas uma certeza eu tinha, coisa
boa não era.
Pela
primeira vez eu via o mundo como um louco, tinha medo de tudo e todos, a
primeira coisa que começou a me incomodar foi o fato de que, todos, em todas as
pessoas eu via, via o sangue, via as letras, que me mostravam como iam morrer
todas as pessoas que me cercavam.
Depois
que eu vi a morte do Josh eu corri, corri como se minha vida fosse terminar ali
mesmo, talvez fosse, eu queria ir para um hospital, mas ninguém iria acreditar
em mim, e já deviam ter ligado para o mesmo, então minha única opção era voltar
para onde isso começou, minha casa.
Normalmente
eu levaria 20 minutos a pé de onde eu estava mas só levei 5, desespero? Talvez.
Cheguei em casa, finalmente um pouco de paz, não, nem perto disso...
-
INFARTO – escrito no peito do meu pai, ele estava comendo, café da manha pra
ser mais exato, - porque? – eu me
perguntava, não era possível, era o meu pai, não era?
-
Oh, porque você voltou?- pais e suas perguntas inúteis...
-
Não tinha aula- respondi, na havia como eu explicar aquilo não é mesmo, seria
impossível, e ele viria com mais e mais perguntas.
Eu
não sabia oque falar, não sabia oque fazer, estava bem grande, em um vermelho
bem vivo, estava escrito em sangue no tórax de meu pai, era impossível eu levar
isso a serio, ou era serio demais para eu compreender.
-
Oque foi filho?- perguntou meu pai quando viu a lagrima em meus olhos
-
Nada, não foi nada, só se cuida tá... - respondi, não avia como falar para ele
que ele iria morrer, não dava, e eu não suportava essa noticia, a mãe tinha
morrido quando eu era muito novo, não tenho muitas memorias dela, sempre senti
que isso causava as letras, talvez fosse.
O
dia foi passando e eu continuava em duvida do que fazer, se aquilo devia estar
acontecendo, normal com certeza não era, talvez fosse somente uma paranoia
minha, - é paranoia – eu repetia, era
o desespero falando mais alto e eu deixando a loucura se tornar algo mais forte
em minha mente.
Era
de tarde, mensagens de alguns amigos cegaram, todas com o mesmo assunto, dois
pra ser mais exato, o atropelado, e o porque de eu ter faltado, não podia
responder nenhum dos dois, pelo menos sinceramente não, - Atropelado? Alguém foi atropelado?... Eu faltei por que estava com
uma dor de barriga e meu pai ficou preocupado... – era triste, mas era
melhor assim, eu tinha certeza disso, mas eu estava errado, e como sempre
minhas decisões eram as mais inúteis.
Fui
dormir,, sendo que eu sempre ia dormir as duas da manha, mas isso era o certo
agora, eu estava estressado, e morrendo de medo dos meus próprios olhos,
terrível, acho que eu queria ficar cego, mas mesmo de olhos fechado eu via
tudo, ou via as palavras correspondentes a tudo a minha volta, inclusive o que
mais se destacava, - infarto – como
aquilo me incomodava, eu não suportava ver aquilo na minha frente, então me
virei, mas ainda a via atrás de mim.
Mas
o tempo foi passando e o medo e o ódio se toraram sono, e eu dormi, pior erro
de toda a minha vida, é acho que ainda não era hora, o nome avia por deixar de
ser vermelho e se tornar cinza, eu não sabia oque era, só ignorei e dormi, esse
foi o erro.
-
Mas que coisa... – falei, com cara de espanto, era a única que eu conseguia
expressar.
Estava
morto, com a cara na mesa, estava morto bem na minha frente, e eu não fiz nada,
não senti nada, nada, era isso que eu tinha, era tudo que eu tinha a partir de
agora.
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end--
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